domingo, 7 de setembro de 2014

O PERIGO DOS ESCÂNDALOS DE ÚLTIMA HORA



O perigo dos escândalos de última hora 

Por Paulo Moreira Leite

"A prudência recomenda cautela contra denúncias divulgadas em véspera de eleição. O risco é óbvio: escândalos de última hora causam sensação na mesma medida em que prejudicam uma apuração serena. Hipóteses que não foram provadas ganham a fisionomia de fatos reais. Suspeitos – ou nem isso – logo são apontados como culpados.

Escândalos dessa natureza são mais difíceis de apurar e, muitas vezes, não há o interesse de esclarecer. O que se quer é o barulho.

É claro que estou falando da delação premiada de Paulo Roberto da Costa, o diretor da Petrobrás que está nos jornais e revistas – em breve estará na TV [já está]– fazendo uma delação premiada contra o PT e o governo Dilma.

Não custa lembrar que a suspeita mais consistente, até o momento, aponta para o próprio Paulo Roberto. Ameaçado de cumprir 30 anos de prisão por corrupção, ele tem todo interesse em diminuir a própria acusação em troca de denúncias que possam envolver políticos e autoridades.

Li num jornal que, se fizer o serviço direitinho, Paulo Roberto poderá, dentro de poucos dias !, voltar para casa com um chip no tornozelo.

Outro aspecto é que ninguém sabe o que ele disse — oficialmente. Sabemos de acusações que lhe são atribuídas pelos jornalistas, mas não há denúncias entre aspas, assinadas, que poderiam ter um valor maior do que palavras impressas que tanto podem virar coisa séria como apenas embrulhar peixe na feira do dia seguinte.

O fato de que o depoimento de Paulo Roberto foi criptografado e se encontra guardado num computador que não pode ser acessado via internet torna o conteúdo da denúncia – e seu vazamento – ainda mais misterioso.

As informações são verdadeiras? Não se sabe — até porque não tivemos uma investigação com base em provas e outros indícios para atestar sua consistência, ou não.

As informações estão sendo divulgadas com isenção, ou de forma seletiva, de acordo com a preferência politica de quem publica a história? Também não podemos saber antes de ter acesso ao conteúdo integral dos depoimentos.

O que sabemos é que, entre as personalidades acusadas, nenhuma denúncia foi confirmada, por mais vaga que fosse. Os envolvidos desmentiram, mas não receberam o devido crédito por suas palavras.

Você não precisa acreditar neles e achar que têm todo interesse em falar mentiras. Mas se é assim, por que acreditar que o delator sempre fala a verdade?

Estamos falando de reportagens que querem construir um pré-julgamento quando faltam quatro semanas até a eleição, o que torna a comparação com o mensalão de 2005, ensaiada por vários veículos, particularmente irônica.

Não custa lembrar que a suposta compra de votos do esquema Delúbio-Marcos Valério nunca foi demonstrada e o desvio de milhões de reais do Banco do Brasil é desmentido por todas as auditorias realizadas na instituição.

Restaram, é claro, as reportagens sobre o assunto e, graças a elas, um dos mais perversos exercícios de criminalização da atividade política.

Por que achar que, desta vez, tudo está sendo feito corretamente? Temos uma “nova” mídia, para fazer companhia a uma “nova” política?

Impossível saber. A experiência ensina que não se deve julgar aquilo que não se conhece, certo?

Já vimos esse filme, que tem sempre o mesmo personagem. Em 1989, a campanha de Collor trouxe Lurian para o horário político, usando um depoimento comprado para acusar Lula.

Em 2006, a denúncia da AP 470 parecia sob encomenda para impedir a reeleição — mas não funcionou. Em 2012, o julgamento deveria atingir os candidatos do PT mas eleições municipais. Também não funcionou."

FONTE: escrito por Paulo Moreira Leite em seu blog no "Brasil 247"  (http://paulomoreiraleite.com/2014/09/06/cuidado-com-escandalos-de-ultima-hora/).

COMPLEMENTAÇÃO 1

Delação de Costa leva ao jato Campos-Marina



"A citação de Eduardo Campos, ex-companheiro de Marina Silva na chapa do PSB, como um dos beneficiários do esquema denunciado por Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, em sua delação premiada, pode explicar a compra do jato que caiu em Santos, matando o ex-governador pernambucano e outras seis pessoas. Parte da compra da aeronave foi paga com recursos de uma das consultorias do doleiro Alberto Youssef, o que indica a utilização de "caixa dois". Costa pressionava Campos para que ele fosse sua testemunha de defesa no processo. O envolvimento do ex-presidente do PSB no caso dificultará a exploração política do novo escândalo pela ex-senadora Marina Silva.
Do "Brasil 247"

A revelação mais surpreendente de Paulo Roberto Costa, em sua delação premiada, é o envolvimento de Eduardo Campos como um dos três governadores beneficiados pelo esquema de corrupção que seria operado pelo doleiro Alberto Yousseff - os outros dois são Sergio Cabral, que já deixou o cargo, no Rio de Janeiro, e Roseana Sarney, do Maranhão.

Essa ligação entre Paulo Roberto Costa, Eduardo Campos e Alberto Youssef lança luzes sobre a polêmica compra do jato Cessna, que desabou em Santos (SP), no dia 13 de agosto, matando o próprio ex-governador e outras seis pessoas. Já se sabe que o avião foi comprado com recursos de "caixa dois". Especialmente porque parte da aquisição foi bancada com dinheiro procedente do doleiro.

De acordo com a apuração da Polícia Federal, a empresa "Câmara e Vasconcelos" pagou R$ 159,9 mil aos donos da "AF Andrade", antigos proprietários da aeronave. Essa empresa, por sua vez, recebia recursos da "MO Consultoria", empresa criada por Alberto Youssef para receber dinheiro das empreiteiras (leia aqui a reportagem original da "Folha de S. Paulo" sobre o caso).

Ao que tudo indica, Paulo Roberto Costa tinha noção exata da proximidade entre Eduardo Campos e o doleiro Alberto Youssef. Tanto que vinha pressionando o ex-governador de Pernambuco para que ele, já na condição de candidato à presidência da República pelo PSB, fosse sua testemunha de defesa. Costa só desistiu de levar Campos aos tribunais depois de um acordo judicial, conforme foi noticiado pela coluna "Radar", na nota abaixo:

"Testemunha de defesa

Dias antes de morrer, Eduardo Campos conseguiu que Paulo Roberto Costa abrisse mão de tê-lo como sua testemunha de defesa nas acusações a que o ex-diretor da Petrobras responde pela suspeita de superfaturamento da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. A negociação foi feita pelos advogados de ambos.


Antes do acordo, Campos estava intimado a depor no caso na sexta-feira dia 15 de agosto".

Essa ligação entre Eduardo Campos e o esquema operado por Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef torna mais delicada a situação da nova candidata do PSB, Marina Silva, que poderia explorar o escândalo em sua pregação por uma "nova política". Especialmente porque ela realizou diversos voos no avião comprado com recursos de "caixa dois", quando ainda era vice de Campos. A estratégia do PSB para desvencilhar Marina do caso foi levada adiante na semana passada, quando o partido trocou o CNPJ do comitê financeiro da campanha."

FONTE da complementação 1: do jornal digital "Brasil 247"  (http://www.brasil247.com/pt/247/brasil/152605/Delação-de-Costa-leva-ao-jato-Campos-Marina.htm).

COMPLEMENTAÇÃO 2


[A incontida tristeza de Marina sobre o caixão de Campos, em face de passar a ser a candidata]

Do portal "Conversa Afiada"

Se a lista é a do Noblat, pau neles !

Dilma não tem compromisso com o malfeito. E a Bláblá do jatinho sem dono ? 

O blog do Noblat identificou os políticos da delação premiada do diretor da Petrobras.

Seriam políticos beneficiados por suas atividades criminosas.

A lista [do 
blog do Noblat/Globo] é essa:

Petrobras: A lista dos políticos delatados por Paulo Roberto Costa

A edição da revista "Veja" que começou a circular traz o nome dos seguintes políticos envolvidos com negócios … da Petrobras:

Edison Lobão, ministro das Minas e Energia, PMDB
João Vaccari Neto, secretário nacional de finanças do PT
Henrique Eduardo Alves, presidente da Câmara dos Deputados, PMDB
Renan Calheiros, presidente do Senado, PMDB
Ciro Nogueira, senador e presidente nacional do PP
Romero Jucá, senador do PMDB
Cândido Vaccarezza, deputado federal do PT
João Pizzolatti, deputado federal do PP
Mario Negromonte, ex-ministro das Cidades, PP
Sergio Cabral, ex-governador do Rio de Janeiro, PMDB
Roseana Sarney, governadora do Maranhão, PMDB
Eduardo Campos, ex-governador de Pernambuco, PSB – morto no mês passado em um acidente aéreo

Sobre a divulgação da lista, nada como recorrer ao sempre atento Fernando Brito:  Delação em véspera de eleição tem mau cheiro. Parece desespero

Segundo o que já foi divulgado pela revista "Veja" – por que será que 11 entre 10 policiais federais e promotores preferem a "Veja" para vazar informações sigilosas? – a lista de nomes apresentada pelo ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, atingiria meio mundo, ou pouco mais, da política.

Do falecido Eduardo Campos a deputados de partidos do governo e de outros, integrantes de coligações antiDilma, passando pelos presidentes da Câmara e do Senado, a lista de Costa tem um imenso potencial explosivo.

Por isso mesmo, deve ser encarada com muita cautela.

A começar pelo fato de que é algo que parte de um homem em situação de desespero, apanhado em um monte de negócios irregulares aqui e lá fora, que estava ameaçado de 30 anos de prisão e ao qual se acena com uma, na prática, absolvição.

É o que narra o "Estadão":

Calcula-se que Costa poderia pegar pena superior a 50 anos de cadeia se respondesse a todos os processos derivados da Lava Jato – já é réu em duas ações penais, uma sobre lavagem de dinheiro desviado da Petrobras, outra sobre ocultação e destruição de documentos e é investigado em vários outros inquéritos.

Angustiado com a possibilidade de não sair tão cedo da prisão, ele decidiu delatar como operava a rede de malfeitos na Petrobras. O acordo prevê que, em troca de suas revelações, Costa deverá sofrer uma pena tão reduzida, que se aproxima do perdão judicial”.


Agora, antes que esse acordo fosse homologado no Supremo, vaza o sigilo e, claro, mesmo que haja pouca consistência nas suas declarações, cria-se um clima político para que elas sejam aceitas como verdade absoluta.

Isso a um mês das eleições.

Uns dizem que a lista de Costa contém 39 nomes, outros dizem 42 e a “nominata” da "Veja" elenca, segundo divulgado no blog de Ricardo Noblat somente 12. (Aliás, vejo que a nota foi retirada 
do blog, mas pode ser conferida aqui)

Seja qual for o tamanho e sejam quais forem os integrantes, não basta a delação de um homem acuado, é preciso que haja elementos e fatos para sustentá-la.

Que empresas financiam campanhas eleitorais, todos sabem e, infelizmente, é essa a regra num modelo político de financiamento privado de eleições. Só no financiamento exclusivamente público, proposto por este governo e repelido, de forma quase unânime, pelos políticos e pela mídia, candidatos não dependem de empresários.

O que se tem de verificar, portanto, são quais desses favores empresariais foram clandestinos e, pior, quais deles foram destinados a enriquecer pessoalmente seus beneficiários.

Tudo isso cheira mal e já vinha cheirando, desde que Luís Nassif nos chamou a atenção sobre um “abraço de afogado” de Aécio Neves.

E não é apenas o cheiro dos negócios sujos de Costa, aliás afastado do cargo, contra a vontade dos políticos, pela mulher a quem se procura atingir: Dilma Rousseff.

Verdade, no Brasil, é algo que, quando aparece, é só pela metade.

FONTE da complementação 2: portal "Conversa Afiada"  (http://www.conversaafiada.com.br/economia/2014/09/06/se-a-lista-e-a-do-noblat-pau-neles/). [Legenda da foto adicionada por este blog 'democracia&política']

COMPLEMENTAÇÃO 3

Do blog "Os amigos do Presidente Lula" 

Delação premiada é bem-vinda. Pauta seletiva é golpismo eleitoral 

"Delação premiada, como a de Paulo Roberto da Costa, demitido da Petrobras, se levada com seriedade, é muito bem-vinda para depurar as instituições e a política. O que preocupa é a pauta seletiva da imprensa demotucana, ao querer esconder a verdade no noticiário e espalhar boataria para dar golpe eleitoral. A capa da revista "Veja" pintada de vermelho, como faz em toda véspera de eleição, é exemplo dessa manipulação.




Antes de mais nada, é preciso entender o que é "delação premiada". Não basta a palavra do delator, porque só apontar o dedo para alguém não leva à condenação de ninguém. Para ter valor, precisa trazer informações novas e que levem à geração de provas materiais. Exemplo: indicar o caminho do dinheiro ainda desconhecido, como contas secretas ou de laranjas, empresas de fachada, descrever operações financeiras que possam ser rastreadas, entregar ou indicar documentos que provem o que diz, indicar testemunhas chaves que possam confirmar fatos concretos etc.

Promotores, juízes e policiais sérios tratam casos de delação premiada com extremo sigilo, porque se vazar, os delatados destruirão provas, retirarão o dinheiro de contas secretas em paraísos fiscais ou de laranjas para não serem bloqueadas, e podem até colocar em risco a vida de testemunhas por queima de arquivo. O próprio delator pode perder benefícios de ter pena reduzida se a delação não levar a provas aproveitáveis.

Daí, por mais que a revista "Veja" conte com colaboradores da estirpe do bicheiro Carlinhos Cachoeira, é difícil acreditar que a revista tenha informações neste momento sobre o conteúdo da delação premiada. Ao que parece, a revista fez uma colagem sobre o que já saiu no noticiário nos últimos meses e "deduziu", especulando o que poderia conter na delação premiada, bem ao gosto da revista, escolhendo a pauta que lhe interessa para eleger demotucanos, conservadores e corruptos obedientes aos barões da mídia, enquanto busca atrapalhar a eleição sobretudo de quadros do PT.

O Dr. Rodrigo Janot, Procurador-Geral da República, se não quiser deixar uma revista desmoralizar o Ministério Público Federal como ocorreu com seu antecessor no caso Cachoeira, deveria emitir uma nota oficial à imprensa e ao público, desautorizando especulações sobre informações que ainda estão cobertas por sigilo, principalmente quando fazem ilações em véspera de eleição.

A revista Veja "deduziu" uma lista de alguns governadores, deputados e senadores que estariam "envolvidos" na delação premiada. Não gosto nem um pouco de alguns nomes que estão ali, e acho até que se o Judiciário funcionasse melhor também com quem não é petista, muitos já estariam fora da vida pública. Acho também óbvio que está faltando nomes ali de "amigos" da revista. Mas acho inconsequente e leviano esse tipo de listão sem confirmar do que se trata primeiro.

Acusações graves devem ter pé e cabeça. Devem descrever crimes e quem foram os autores ou, pelo menos, individualizar quem é acusado do que e porque. Soltar ao vento "envolvimento" é coisa para adversários políticos se atacarem no horários eleitoral, quando apelam para a baixaria. Não é informação jornalística.

Mesmo com o desejo da revista "Veja" atingir o PT, acaba atingindo a candidatura de Marina Silva (PSB), ao colocar o nome de Eduardo Campos entre os "envolvidos". Por tabela, também atinge Aécio Neves (PSDB), pois outro nome no listão é do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ) que está apoiando Aécio e lançou como vice para sua sucessão o senador Francisco Dornelles (PP-RJ), que é primo do tucano e foi presidente do PP até 2013, o partido mais ligado com Paulo Roberto da Costa. Claro que a revista "Veja" não fez nenhuma ilação nessa parte, protegendo Aécio."

FONTE da complementação 3: do blog "Os amigos do Presidente Lula"   (http://osamigosdopresidentelula.blogspot.com.br/2014/09/delacao-premiada-e-bem-vinda-pauta.html). [Imagens do google adicionadas por este blog 'democracia&política'].

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