domingo, 12 de abril de 2015

POR QUE OS PROTESTOS ENCOLHERAM, APESAR DO ESFORÇO DA MÍDIA?



[O único negro na manifestação era um vendedor de sorvetes]


O significado do encolhimento dos protestos – apesar do Datafolha

Por Eduardo Guimarães

"Por volta das 11 horas de domingo, 12 de abril, a emissora de tevê a cabo 'Globo News' [já] avaliava, através de seus comentaristas, que os protestos antiDilma perderam força pelo Brasil afora, em relação a 15 de março.

Confira, abaixo, as avaliações de público divulgadas pela Polícia Militar sobre o público de algumas cidades em 12/4 e em 15/3, segundo o canal a cabo da Globo:

Brasília: 25 mil em 12/4 contra 50 mil em 15/3

Campinas: 2 mil em 12/4 contra 15 mil em 15/3

Belo Horizonte: 3 mil em 12/4 contra 25 mil em 15/3

Manaus: 300 em 12/4 contra 13 mil em 15/3

Salvador: 2 mil em 12/4 contra 8 mil em 15/3

Rio de Janeiro: 800 (estimativa 11 hs.) em 12/4 contra 15 mil em 15/3

Na "Globo News", a jornalista Cristiana Lobo atribuiu a perda de força do movimento pelo Brasil afora devido à perda do caráter de “novidade” desses protestos.

Outro fato bastante interessante é o de que, apesar de haver menos público nos protestos pelo Brasil, aumentou o público exclusivamente branco e de classe média alta.

O fenômeno se tornou mais evidente em Salvador, cidade de população esmagadoramente negra e que na manifestação deste 12 de abril era composta, quase que exclusivamente, por brancos.

Mesmo São Paulo, repetindo o público de 15 de março, a perda de força dos protestos no resto do Brasil sugere que muita gente que foi à rua no mês passado não tinha clareza exata sobre o que pretendia aquele movimento.

A redução desse movimento contraria a expectativa gerada pelo protesto anterior. O inegável sucesso daquele dia de protestos sugeria que o movimento tenderia a crescer e isso não está acontecendo.

A avaliação dos analistas da "Globo News" parece insuficiente para explicar a causa desse fenômeno. Sobretudo após pesquisa "Datafolha" publicada no sábado, que deu conta de que 63% dos eleitores aprovam o impeachment de Dilma Rousseff.

Apesar de a pesquisa ter sido publicada na véspera dos protestos com o objetivo óbvio de inflá-los, a iniciativa do "Grupo [tucano] Folha" parece não ter produzido o efeito desejado.

O significado desse encolhimento dos protestos é o de que o movimento fascistóide assustou a sociedade.

A proliferação de suásticas nazistas, os ataques a bomba a sedes do PT, as cenas assustadoras de bonecos de Dilma e Lula “enforcados”, enfim, os excessos absurdos cometidos em 15/3 mostraram que a opinião desfavorável a Dilma e ao PT pela maioria pode até existir, mas repudia o extremismo.

Os protestos de 12 de abril produziram uma boa notícia. Ao minguarem, mostram que a sociedade brasileira não perdeu completamente a racionalidade."

FONTE: escrito por Eduardo Guimarães em seu "Blog da Cidadania"  (http://www.blogdacidadania.com.br/2015/04/o-significado-do-encolhimento-dos-protestos-apesar-do-datafolha/).[Título e trechos entre colchetes acrescentados por este blog 'democracia&política']. 

COMPLEMENTAÇÃO

"Globonews" lê cartazes contra Dilma e pelo impeachment, mas não a faixa que defende ao mesmo tempo a "Globo" e o golpe militar



Por Luiz Carlos Azenha

"Do ponto-de-vista numérico, as manifestações do 12 de abril foram um tremendo fracasso.

Segundo o UOL, do diário "conservador" [tucano] "Folha de S. Paulo", eram 52 mil pessoas em todo o Brasil às 14 horas.

No entanto, na "Globonews", das "Organizações Globo", os protestos foram um tremendo sucesso.

“Tranquilidade”, “família”, “verde-amarelo” e outras descrições anódinas marcaram a descrição feitas pelos repórteres da emissora, que se misturaram aos manifestantes.

Nunca antes na História deste País a "Globo" tinha feito o que vem fazendo: ir a uma manifestação, ler de forma seletiva os cartazes e permitir que o som natural vaze na transmissão, com gente gritando “Fora Dilma”, “Fora PT” e outras palavras de ordem.

Vocês já viram a "Globo" fazer isso num protesto do MST ou contra o tucano Geraldo Alckmin? Jamais.

É óbvio que a notícia do dia, de que as manifestações fracassaram do ponto-de-vista numérico, não dominou a cobertura. Por que fracassaram? Cansaço? Indiferença? Dissensão interna? A "Globonews" simplesmente se esqueceu da verdadeira tarefa do jornalismo, que é esclarecer.

A certa altura, uma repórter em São Paulo fez referência ao fato de que os diferentes carros de som na Paulista utilizavam "diferentes palavras de ordem". Mas, ficou nisso. Não entrou em detalhes. Por motivos óbvios: alguns desses carros de som pedem intervenção militar, o que não se enquadra no que a "Globo" acha aceitável mostrar aos que estão em casa.

A "Globo" não leu, por exemplo, a faixa que aparece acima, fotografada pelo Leandro Prazeres, do UOL, em Brasília.

Notem o detalhe: além de pregar o golpe, a faixa assume a defesa da "Globo" (no canto inferior direito) com a frase “a mídia sob ataque”.

"Globo" e golpe militar, tudo a ver!

Ainda que involuntariamente, no entanto, a "Globonews" acabou mostrando a intolerância que foi a marca do 15 de março e esteve de volta hoje, nas ruas: em Copacabana, um homem de camisa vermelha foi perseguido por manifestantes e teve de sair escoltado pela Polícia Militar.

É isso mesmo: um homem de camisa vermelha, aparentemente com uma grife no peito, sem qualquer relação com o PT ou com algum partido comunista.

Um simples homem de camisa vermelha, cujo cerco resume o que a "Globonews" não mostrou: “intolerância” e “golpismo” andaram juntos com “tranquilidade” e “família”.

PS do Viomundo: A "Globonews" fez mais que cobrir o evento, fez a convocação de quem estava em casa ao enfatizar a todo o momento que “tem mais gente chegando”, “famílias inteiras” etc."


FONTE da complementação: escrito pelo jornalista Luiz Carlos Azenha em seu portal "Viomundo"  (http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/globonews-le-cartazes-contra-dilma-e-pelo-impeachment-mas-nao-a-faixa-que-defende-a-globo-e-o-golpe-militar.html).

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