domingo, 8 de março de 2015

EUA ATACAM COM GOLPE A VENEZUELA E A ARGENTINA




Baterias conservadoras contra a Venezuela

Por Mário Augusto Jakobskind

Colunista denuncia risco de golpe por forças conservadoras na Venezuela

"Não é de hoje que a Revolução Bolivariana da Venezuela vem sendo assediada por grupos externos e internos, que tentam de todas as formas colocar em prática um modelo insurrecional de terror e medo.

As forças contrárias ao processo de transformações que ocorre na Venezuela desde 1999 esperavam que, com a morte de Hugo Chávez, que no dia 5 de março completou dois anos, a oposição retornasse ao poder exercido desde 1958 ao estilo em que os ricos ficavam cada vez mais ricos e os pobres sempre mais pobres.

Num primeiro momento, tentaram derrotar o candidato Nicolás Maduro, mas não conseguiram, embora a vitória do indicado por Chávez como seu substituto obtivesse uma vitória por pouca margem.

Os oposicionistas inconformados tentaram de todas as formas derrubar Maduro e, mais uma vez, não conseguiram. O governo venezuelano em várias oportunidades denunciou a ingerência norte-americana, que se dá de forma ostensiva, inclusive e através do financiamento de grupos vinculados aos pregadores da renúncia imediata de Maduro.

No ano passado, ocorreram confrontos que resultaram em 43 mortes. Na economia, a Venezuela sofria vários transtornos, inclusive com desabastecimento.

As filas nos supermercados cresceram. A mídia nacional e internacional aumentou a divulgação de informações dando conta que o país já está no abismo e sem saída.

O esquema dos "Diários das Américas" produz noticiário divulgado diariamente por jornalões editados em quase todas as capitais latino-americanas. As matérias de alguma forma indicam terem saído de uma mesma central de informação.

Recentemente, foram encontrados mil toneladas de alimentos em um galpão de propriedade de uma empresa cujo proprietário é vinculado ao partido de direita "Vontade Popular". Mas essa informação foi praticamente omitida.

Em vários países, inclusive no Brasil, setores conservadores estimulados pela mídia hegemônica manipuladora da informação procuram de todas as formas pressionar seus governos no sentido de condenarem o Executivo venezuelano.

Os jornalões brasileiros dedicam páginas diárias com o objetivo visível de não apenas apresentar a Venezuela como um “inferno”, como também de pressionar o governo Dilma Rousseff a se posicionar contra Maduro e, consequentemente, a favor do golpe. Alguns congressistas atenderam ao apelo e se posicionaram com base nas informações divulgadas pela mídia hegemônica.

Nos Estados Unidos, até Hollywood é acionado na propaganda antibolivariana, produzindo um seriado para televisão apresentando Caracas como abrigo de terroristas. Até o Presidente Barack Obama aparece na publicidade acompanhando o seriado de grande audiência.


Os mesmos setores que em passado recente, como em abril de 2002 contra Hugo Chávez, estimulavam um golpe de estado, voltavam a acionar as suas baterias, chegando a acusar venezuelanos vinculados à revolução bolivariana de ligações com o narcotráfico.

O governo de Nicolás Maduro decidiu abortar uma nova tentativa de golpe prendendo o Prefeito de Caracas, Antonio Ledezma acusando-o de responsabilidade direta no andamento de uma nova tentativa de golpe com o apoio do Departamento de Estado. Ledezma tem antecedentes golpistas, tanto assim que apoiou integralmente a tentativa frustrada de golpe em abril de 2002.

Como sempre acontece em golpes e tentativas de deposição de Presidentes legítimos, o governo estadunidense nega as acusações nesse sentido. , Mas quem tiver dúvidas a esse respeito basta consultar a ocorrência de vários golpes de estado, inclusive os mais recentes, de caráter legislativo ou judicial, em Honduras e no Paraguai.

Antes da prisão de Ledezma – os oposicionistas acusaram as forças do governo de agirem com violência, o que foi negado com a apresentação de um vídeo se contrapondo ao apresentado pelos defensores da saída de Maduro e a instalação de um governo de transição – militares da Força Aérea foram detidos acusados de tramar um golpe e até mesmo o bombardeio do Palácio Miraflores, a sede do governo,

ARGENTINA

Já na Argentina, apesar da mídia hegemônica, sobretudo o jornal "Clarin", o juiz argentino Daniel Rafecas sentenciou que não há provas na denúncia apresentada pelo juiz Alberto Nisman contra a Presidenta Cristina Kirchner sobre suposto acordo para encobrir a participação iraniana no ato terrorista contra a sede um uma entidade judaica ocorrida em 1994 e que resultou em 85 mortes.

Apesar disso, não é preciso de nenhuma bola de cristal para prever que a campanha contra Kirchner continuará até a realização do pleito que elegerá o próximo ocupante da Casa Rosada." [...]

FONTE: escrito por Mário Augusto Jakobskind, jornalista e escritor, correspondente do jornal uruguaio "Brecha"; membro do Conselho Curador da "Empresa Brasil de Comunicação" (TvBrasil). Seus livros mais recentes: "Líbia – Barrados na Fronteira"; "Cuba, Apesar do Bloqueio e Parla" , será lançado dia 17, no Rio de Janeiro. Artigo publicado no "Patria Latina"  (http://www.patrialatina.com.br/colunaconteudo.php?idprog=99be9f83741d1275639df2c1e4d0072f&codcolunista=46&cod=3473).


COMPLEMENTAÇÃO

Esquerda na defensiva na América Latina




Por Igor Fuser, no jornal "Brasil de Fato":

"O imperialismo estadunidense está em plena ofensiva na América do Sul. A meta para 2015 é eliminar ao menos um dos governos progressistas da região – o da Argentina – e submeter outros dois, o do Brasil e o da Venezuela, a ataques demolidores que preparem o retorno dos políticos neoliberais ao poder.

Essa orientação faz parte de um projeto mais amplo de reconquista da hegemonia. Diante de rivais poderosos (China e Rússia) e de aliados vacilantes (Alemanha e França), a elite dominante dos EUA trata de recuperar o controle do seu antigo quintal latino-americano.

No Brasil, está em curso um processo de lavagem cerebral em massa. Dia após dia, a mídia, a serviço dos EUA e do capital financeiro, executa campanha sistemática de desmoralização do governo Dilma e do PT.

Enquanto isso, nas redes sociais, circulam os boatos mais inverossímeis, as calúnias mais sórdidas. Os ricos e os instruídos fingem que acreditam, e os pobres e desinformados acreditam, simplesmente.

A mesma tática do linchamento em câmera lenta é aplicada na Argentina, onde se tentou culpar a presidenta Cristina Kirchner pela morte do promotor Alberto Nisman, ocorrido na véspera da data em que pretendia acusar o governo de conspirar com o Irã para bloquear as investigações do atentado terrorista contra a entidade judaica Amia, vinte anos atrás.

Na verdade, todas as evidências comprovam a hipótese de suicídio e inexistem sinais de envolvimento das autoridades no episódio. Depois de muita confusão, o juiz encarregado do caso rejeitou totalmente a tese de Nisman sobre a Amia.

Mas o estrago já está feito e deve prejudicar o oficialismo nas eleições presidenciais do segundo semestre. 

Na Venezuela, segue a todo vapor a guerra econômica contra o governo de Nicolás Maduro. Empresários poderosos escondem ou desviam para o contrabando produtos essenciais a fim de provocar um cenário de escassez.

Essa estratégia, igual à usada na deposição de Salvador Allende no Chile, é mais eficaz do que o golpismo puro e simples. Está em jogo o resultado das eleições parlamentares de novembro. Uma derrota do chavismo será a senha para o assalto da direita ao poder em 2016."


FONTE: escrito por Igor Fuser, no jornal "Brasil de Fato". Transcrito no "Blog do Miro"  (http://altamiroborges.blogspot.com.br/2015/03/esquerda-na-defensiva-na-america-latina.html).

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