terça-feira, 30 de dezembro de 2014

COINCIDÊNCIAS ENTRE O AVIÃO MALAIO DERRUBADO NA UCRÂNIA E VENINA DA "GLOBO"




O ponto onde convergem Venina e o MH17 derrubado na Ucrânia

Por J. Carlos de Assis - Economista, doutor pela Coppe/UFRJ, professor de Economia Internacional da UEPB.

"Há uma coisa em comum entre a denúncia norte-americana de que o voo MH17 da Malásia foi derrubado por insurgentes ucranianos ligados a Moscou e a denúncia de Venina de que a presidente da Petrobras, Graça Foster, não deu ouvidos a suas denúncias de irregularidades na empresa: nos dois casos, a campanha maciça da imprensa para validar as denúncias foi sucedida, em poucos dias, do mais estrondoso silêncio. No caso de Venina, só falam agora no assunto os que a ridiculizam, com razão. No caso do MH17, o silêncio é total.

Esses dois casos ilustram muito bem o papel que a “liberdade” de imprensa vem exercendo em nosso tempo. É um instrumento sobretudo de manipulação da opinião pública. Os manipuladores contam com a falta de espírito crítico da sociedade, o que, por sua vez, justifica-se exatamente pela ausência de noticiário imparcial sobre acontecimentos com valor político e estratégico. Sabe-se agora, com certeza, que o MH17 foi derrubado por forças de Kiev. Sabe-se agora que Venina, antes de ser denunciante, foi ela própria denunciada.

A ausência recente na imprensa ocidental de notícias sobre o monstruoso ataque ao MH17, um avião civil derrubado provavelmente por um míssil e por metralhadoras de um caça de Kiev sobre o Leste da Ucrânia, é a maior evidência do esgotamento da estratégia de exaustão de uma versão destinada a cobrir os fatos reais com uma máscara favorável. Eu costumava ouvir de um grande manipulador da imprensa brasileira a observação de que “o importante é a versão, não o fato”. Assim, para “plantar uma versão”, era necessário divulgá-la antes dos fatos.

Putin atribuiu formalmente a Kiev a responsabilidade pelo crime numa reunião com personalidades estrangeiras na Rússia, mas a imprensa ocidental praticamente o ignorou. Uma vez estabelecida a versão, é extremamente difícil retificá-la. Mesmo porque, no caso do MH17, estão envolvidos aspectos técnicos de difícil aferição por internautas. Os internautas, que são hoje a consciência crítica da grande mídia, não têm como penetrar em alguns de seus segredos, exceto numa situação em que interfere o gênio de um Wikileaks.

O desmascaramento de Venina tem sido uma operação relativamente mais fácil. Os internautas se lançaram a investigações próprias, independentes dos grandes jornais e tevês, para descobrir que a moça estava sendo processada pela Petrobras por incompetência ou má fé no acompanhamento de contratos na construção [da refinaria] de "Abreu e Lima"; que tinha feito contratos sem licitação com o então marido ou namorado, algo que nem o jornal "Valor" [da Folha e Globo], nem a TV Globo cuidaram de revelar em suas bombásticas entrevistas na versão original.

Sim, houve uma denúncia de Venina fundamentada. Relacionava-se com contratos superfaturados na área de comunicação, mas em 2008. A denúncia gerou uma comissão de inquérito da qual resultou a comprovação do superfaturamento e a demissão do responsável. Na interpretação de um jornalista da "Globo", isso lhe dava credibilidade para fazer as outras denúncias. Mas quais denúncias? Tudo o que ela disse no "Valor", e repetido na "Globo", eram ilações vagas, inclusive a alegação de que exortara Graça Foster das irregularidades.

Se a "Lava Jato" seguir o curso retilíneo que vem seguindo até aqui, não se admirem se Venina vier a ser condenada por irregularidades na "Abreu e Lima", das quais há indícios fortes no relatório da comissão de inquérito da própria Petrobras sobre o assunto, já entregue ao Ministério Público. Ela disse insistentemente que iria “até o fim”. Estamos aguardando que fim é esse. O fato é que, até mesmo os jornalões e a "Globo", perceberam que deram um tiro na água. Daí seu significativo silêncio. Não é nada diferente do silêncio da imprensa ocidental sobre o avião derrubado no Leste da Ucrânia. E esse é o preço que a gente tem que pagar pelo valor supremo da "liberdade de imprensa", agora felizmente vigiado pelos internautas."

FONTE: escrito por J. Carlos de Assis, economista, doutor pela Coppe/UFRJ, professor de Economia Internacional da UEPB. Publicado no "Jornal GGN"  (http://jornalggn.com.br/noticia/o-ponto-onde-convergem-venina-e-o-mh17-derrubado-na-ucrania-por-j-carlos-de-assis).[Título acrescentado por este blog 'democracia&política'].

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