quinta-feira, 30 de outubro de 2014

PELO CAMINHO INICIADO POR LULA




Pelo caminho iniciado por Lula

Lula dizia que era melhor ganhar no segundo turno porque na contraposição dos dois projetos, as alternativas e suas diferenças ficariam mais claras.

Por Emir Sader, no jornal argentino "Página/12"

Pela quarta vez consecutiva, o PT ganha as eleições presidenciais no Brasil que, pela quarta vez, teve um plebiscito entre os candidatos do PT e do PSDB. Desta vez, a campanha teve idas e vindas, especialmente desde a metade de agosto até o segundo turno, no final de outubro, e terminou com a decisão dos brasileiros de continuar o caminho iniciado por Lula em 2003 com o primeiro governo de Lula.

No enfrentamento entre o modelo neoliberal da oposição e a vida de saída do neoliberalismo do governo, os brasileiros reafirmaram o caminho que Lula começou. Serão pelo menos 16 anos seguidos de governos do PT, o período mais longo de continuidade de um partido no governo no período democrático do Brasil.

Lula dizia que era melhor ganhar no segundo turno porque, na contraposição dos dois projetos, as alternativas e suas diferenças ficariam mais claras. E assim foi: foram contrapostas políticas de centralidade do mercado, de livre comércio, de redução do peso do Estado, de redução salarial, de aumento do desemprego, de contração dos bancos públicos, de alianças internacionais privilegiando os Estados Unidos, entre outras, pelo candidato da oposição.

Diante de uma orientação de continuidade das políticas sociais como eixo central do governo, com ação dinâmica do Estado, fortalecendo as alianças regionais e com o Sul do mundo, de garantia de nível de emprego e de aumentos dos salários acima da inflação.

A dúvida era se o Brasil de Lula seguiria adiante ou se a importante experiência dos governo do PT acabaria em 2014. Houve oscilações na campanha eleitoral, mas a maior disputa foi em torno das agendas: quais são os assuntos que mais importam para os brasileiros.

A oposição atuou fortemente em dois planos, valendo-se do monopólio dos meios de comunicação: por um lado, uma suposta crise econômica, que teria reflexos no descontrole inflacionário, no desemprego, na estagnação econômica. Uma pesquisa da [tucana] "Folha de S.Paulo" revelou que uma das razões do crescimento de Dilma foi o fracasso desse terrorismo econômico. A grande maioria dos brasileiros – incluindo os que votam na oposição – são otimistas em relação à situação econômica do Brasil, acreditam que a situação melhorará no próximo ano, que os preços estão sob controle e que os salários vão aumentar.

Outro assunto central foram as denúncias de corrupção, que no último período da campanha se concentraram na Petrobras. O cansaço diante de campanha de denúncias – todas elas sem provas – fez com que o assunto perdesse o efeito.

A campanha de Dilma, valendo-se dos programas de televisão e da intensificação da mobilização política conduzida por ela e por Lula em todo o país, associados a uma grande participação da militância do PT e de toda a esquerda, conseguiu convencer a grande maioria de que as conquistas fundamentais dos governos do PT estarão em risco em caso de a oposição ganhar. Assim como a contraposição das trajetórias pessoais e políticas dos dois candidatos serviu para enaltecer as qualidades de Dilma, contrastando com a fragilidade das de Aécio.


Em seu conjunto se foi desenhando, desde o domingo anterior ao segundo turno, uma situação em que o nível de rejeição de Aécio superava o de Dilma, prenunciando uma virada que se consolidou ao longo da última semana, até chegar à vitória de domingo. A militância de esquerda ganhou as ruas de todo o país, o segundo turno foi de uma clara contraposição entre esquerda e direita, configurando a virada e a vitória de Dilma".

FONTE: escrito por Emir Sader e publicado no jornal argentino "Página/12". Transcrito no site "Carta Maior"  (http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/Pelo-caminho-iniciado-por-Lula/4/32108).

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