domingo, 3 de agosto de 2014

NO BRASIL, SUBSTITUÍRAM A DITADURA MILITAR PELA DA MÍDIA DE DIREITA




"Substituíram a ditadura militar pela ditadura midiática” [de direta], diz Kucinsky na Flip

Por Flávia Villela - Enviada Especial (Edição: Fábio Massalli) 

"Substituíram a ditadura militar pela ditadura midiática, a dominação pelo consenso", disse o jornalista e escritor Bernardo Kucinski, sob aplausos da plateia que participou da segunda mesa da "Feira Literária Internacional de Paraty" (Flip) no sábado (2).

A irmã e o cunhado de Kucinski foram presos e mortos pela ditadura e seus corpos continuam desaparecidos. Segundo ele, a "Comissão Nacional da Verdade" não terá resultados concretos, pois os poderosos que apoiaram o golpe de 64 continuam no poder.

"E as Forças Armadas não se reciclaram, não condenaram as atrocidades cometidas no passado. A tentativa de desinformar e a guerra psicológica continua em alguns setores militares, continua, ainda que diminuto," declarou.

Filho de Rubens Paiva, que foi preso, torturado e morto pelos militares em 1971, o escritor Marcelo Rubens Paiva chorou ao ler um texto sobre o sofrimento da mãe e da família pela incerteza do paradeiro do deputado, cujo corpo continua desaparecido. O pai morreu na noite em que a esposa foi presa. Apenas em 1996, foi feito o registro de óbito de Ruben Paiva.

Marcelo foi aplaudido de pé ao lembrar da coragem e determinação da mãe, Eunice Paiva, na luta contra a ditadura. "Mamãe era uma dondoca. De repente, foi presa e saiu de lá muito magra e sozinha. E então começou a peitar a ditadura", disse. "Passou a fazer parte de vários movimentos, a ser uma voz quase solitária contra a ditadura". Posteriormente, Eunice estudou direito e passou a se dedicar às causas indígenas.

A mediadora da mesa e historiadora Lilia M. Schwarcz argumentou que os relatos dos participantes falavam de uma memória de um tempo que não passou e de uma história que ainda incomoda os brasileiros.

Revisitar os fatos e desnudar as verdades são fundamentais nos dias de hoje para os debatedores. "A história é complexa e por isso mesmo requer reflexão, uma boa pesquisa, leitura", disse o economista Pérsio Arida, preso e torturado quando tinha 18 anos. "Se até pessoas que participaram do período têm essa confusão, imagina os garotos que moram na periferia de grandes cidades, que não têm acesso a essa história nas escolas", disse Paiva.

"As novas gerações têm muitos poucos pontos de contato com as outras gerações, não têm continuidade. Para eles, a ditadura é uma capítulo remoto da história do Brasil. O nível de desconhecimento é impressionante", disse Kucinski."


FONTE: reportagem de Flávia Villela, da Agência Brasil, enviada especial (Edição: Fábio Massalli)   (http://agenciabrasil.ebc.com.br/cultura/noticia/2014-08/substituiram-ditadura-militar-pela-ditadura-midiatica-diz-kucinski-na-flip). [Título e imagem do google adicionados por este blog 'democracia&política'].

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