quarta-feira, 6 de agosto de 2014

ÁGUA EM SÃO PAULO SÓ ATÉ À ELEIÇÃO




[OBS deste "democracia&política': 


Para melhor visualizarmos como a campanha partidária da imprensa permeia tudo, imaginemos se, pela mesma causa climática, houvesse a iminência de colapso de energia elétrica. Não adiantaria o governo dizer que a culpa é de São Pedro, que represas vazias não podem gerar energia. Seria enorme o escarcéu na mídia, chamando o governo federal de incompetente, de falta total de gestão por não se ter planejado com obras alternativas para períodos de seca. Porém, como o governo federal foi competente e planejou e implantou com anos de antecedência novas hidrelétricas e eólicas e as interligações das usinas geradoras, não há risco de apagão elétrico. 

A mesma mídia, contudo, nem ousa criticar o governo estadual do tucano Geraldo Alckmim pelo grave colapso no fornecimento de água. A SABESP, nos governos paulistas do PSDB, dirigidos pelo "mercado", preferiu distribuir dividendos aos seus acionistas e não investiu como devia em obras e ações preventivas, que permitissem superar períodos com menos chuvas. Agora, para a mídia tucana, a culpa é somente "da Natureza", "da falta de chuva" e "do povo que desperdiça água"].

ÁGUA DE ALCKMIM SÓ ATÉ A ELEIÇÃO
  
A água de Alckmin é como o Cruzado de Sarney e o câmbio fixo de FHC. Só até a eleição

Por Fernando Brito

"Na entrevista de segunda-feira ao 'Estadão', o governador Geraldo Alckmin disse que “o abastecimento de água está garantido” em São Paulo.

Ele, mais do que ninguém, sabe que isso não é verdade.

Ou que é maia-verdade, porque está garantido, por, talvez, 90 dias.

Isso se as condições forem favoráveis como foram em julho (choveu, no mês, 80% da média, enquanto em junho a precipitação não chegou a 30% da normal para o mês)

Depende de fatores que, ao contrário do que ocorre com a mídia, não estão sob o controle do PSDB: os climáticos.

Do dia em que foi iniciado o bombeamento, 17 de maio, entre “volume morto” e a água remanescente no sistema, foram consumidos cerca de 145 bilhões de litros além do que a Natureza foi capaz de fornecer às represas do Cantareira.

Como restam 142 bilhões de litros, hoje, não é difícil, até para um leigo, perceber que se consumiu a metade das reservas em menos de três meses.

Portanto, a “garantia” de Alckmin, se você quiser comparar com a de um aparelho eletrodoméstico, é de perto de 90 dias.

Com uma diferença: depois do prazo, ele vai quebrar e, como já terão passado as eleições, só restará aos desavisados praguejar aos céus.

Exatamente como ocorreu com aqueles “os preços vão continuar tabelados e congelados” do Cruzado de Sarney em 1986 ou com o “um real é igual a um dólar” de Fernando Henrique em 1998.

Um engodo irresponsável como esse, claro, se prenuncia de muitas formas.

Os técnicos e cientistas dizem que é irresponsável?

Que se danem.

O que é um professor de Recursos Hídricos, como Antonio Carlos Zuffo, da Unicamp (ouvido pelo "Estadão") perto do Zeca Camargo, no "Fantástico'?

No "Diário do Centro do Mundo", um ótimo artigo mostra como Alckmin foi escafedido da “reportagem” sobre a falta de água.

Sobrou para São Pedro e para os prefeitos do interior, que têm de se virar com as gotinhas que a SABESP ainda deixa fluir para os rios que abastecem suas cidades.

Dentro de duas semanas, começa a ser bombeada a segunda parcela do fundo das represas, em Atibainha, que está, neste momento, respondendo pela maior parte da água do sistema.

O Jaguari-Jacareí está exaurido e não pode produzir mais sequer a metade dos 20 m³ diários que lhe competiam.

O cenário, parcamente mostrado na mídia, é pavoroso: virou um simples canal lamacento.

Na anatomia desse crime, social, econômico e ambiental, há cúmplices."


FONTE: escrito por Fernando Brito em seu blog "Tijolaço"  (http://tijolaco.com.br/blog/?p=19760).

Nenhum comentário: