sábado, 15 de março de 2014

CENSURA NOS EUA PROTEGE GOVERNO NEONAZISTA DA UCRÂNIA



Bandeiras nazistas durante a ocupação do Parlamento em Kiev

A “crise” na Crimeia e o viés ocidental

Por Dmitry Orlov, no "Blog Club Orlov", sob o título original "The Crimean “Crisis” and Western Bias". Artigo traduzido pelo "pessoal da Vila Vudu" e postado no "Redecastorphoto"



Dmitry Orlov

"Semana passada, publiquei aqui o postado de Renée, porque o "Huffington Post" recusou-se a publicá-lo. Agora, fico sabendo que todos os comentários que associem o novo governo da Ucrânia aos neonazistas e aos neonazistas assassinos em massa que atiraram contra civis e policiais em Kiev estão proibidos em todos as páginas de notícias nos EUA.

É como se houvesse um blecaute nos “noticiários” nos EUA, contra o seguinte postado:

"Parece que o Departamento de Estado dos EUA deu US$ 5 bilhões aos neonazistas ucranianos, que usaram parte do dinheiro para contratar pistoleiros e assassinos em massa, que massacraram civis que se manifestavam nas ruas, policiais e pessoas que passavam por ali, para criar um pretexto para derrubar o governo democraticamente eleito da Ucrânia e instalar um governo anti-Rússia fantoche dos EUA."

[É o modo mais curto e suave de dizer, que eu consegui. Agora tratem de ver em quantas colunas de “Cartas do Leitor”, jornais e blogs vocês conseguem cortar-colar o parágrafo acima. Assim, teremos uma ideia da extensão da censura nos EUA. Primeiro, invadem a Ucrânia. Agora, invadem o "Huffington Post". Depois, invadirão o quê? A sua sala de jantar?]


Financiados pelos EUA, nazistas operaram o Massacre de Kiev

Todo mundo já admite que o massacre de Kiev foi operação forjada, exatamente como eu disse que foi. A teoria dominante reza que os atiradores que atiraram indiscriminadamente contra policiais, manifestantes e passantes foram contratados pela oposição ucraniana (Pergunta interessante: “Teriam, por acaso, sido pagos com dinheiro do Departamento de Estado dos EUA?”). Mas, em resposta, as autoridades recém-instaladas em Kiev entraram em surto de retardo mental e estão culpando... Ora, ora... a Rússia! Óbvio!

A Rússia tinha assinado acordo histórico com Yanukovich, aceitando a Ucrânia na União Aduaneira, dando imenso desconto no preço do gás natural, e, além disso, os Jogos Olímpicos em Sochi estavam em andamento. A Rússia, é claro, não quereria desperdiçar tudo isso, e assistia impotente enquanto o governo da Ucrânia era derrubado e substituído por governo de neonazistas financiados pelos EUA, e agora enfrenta sanções por ter defendido direitos de seus cidadãos na Crimeia. Não. Assim, não dá.

Simultaneamente, Putin enfrenta grandes dificuldades para explicar a líderes ocidentais que o que a Rússia está fazendo nada tem de ilegal: há tropas russas legalmente na Crimeia, nos termos de acordo de longo prazo assinado com a Ucrânia e as forças de autodefesa ativas lá são independentes, que não devem obediência aos militares russos.

A Crimeia está às vésperas de fazer um referendo sobre se tornar independente da Ucrânia (e se é parte da Ucrânia, lá está por acaso). Mas o ocidente diz que o referendo seria ilegal.


Nazistas desfilam em Kiev com o retrato de Stepan Bandera, comandante das forças de ocupação alemã na IIa. Guerra Mundial

Vejam vocês! Diferentes dos albaneses no Kosovo, ou dos sul-sudaneses, ou de praticamente todos os demais grupos, os russos na Crimeia não têm direito à autodeterminação. Por quê? Porque são russos?

Esta semana, o postado cuja leitura recomendo é do blog "Outlook Zen",“A crise na Crimeia e o viés ocidental” (ing.). Parece-me excepcionalmente equilibrado.

Minha única crítica é que recorre à Lei de Godwin (“Quanto mais se prolonga uma discussão online, mais aumenta a probabilidade de alguém xingar alguém de envolvimento com nazistas ou com Hitler”), mas ignora o que se lê em “Democratização e antissemitismo na Ucrânia: quando símbolos neonazistas tornam-se “a Nova Normalidade” (“Democratization” and Anti-Semitism in Ukraine: When Neo-Nazi Symbols become “The New Normal”).

[Mike] Godwin espinafrou com razão gente que usa gratuitamente os termos “fascismo” e “nazismo” e compara qualquer um a Hitler.

Sim, mas... E quando bandos de pirados com botas de campanha e braçadeiras com suásticas põem-se a saudarem-se uns os outros com o "Hitlergruß"? Ainda se trata de comparação gratuita? A seguir, vídeo da colocação de símbolos neonazistas e de supremacia branca na ocupação do prédio administrativo em Kiev:



Parece que se tornou tabu, nos EUA, dizer que havia neonazistas por trás (ou na frente) do putsch em Kiev. As alegações de que os neonazistas teriam contratado atiradores para matar policiais e manifestantes, para gerar um pretexto para derrubar o governo também estão proibidas? Por que são embaraçosas demais? Ora! É claro que são alegações embaraçosas. Ainda bem que embaraçam alguém. Embaraçosas ou não, mesmo assim têm de ser investigadas.

Adiante, um excerto do postado de "Outlook Zen", “A crise na Crimeia e o viés ocidental” (ing.) aqui traduzido:

"Sei que a situação é muito complicada, e absolutamente não quero super simplificá-la. O que os crimeianos querem e se isso tem a ver com a ação dos russos, é, sim, assunto para discutir. Há bons argumentos a favor e contra a ação russa na Crimeia. No instante em que a Rússia suprimir ou ignorar o desejo do povo da Crimeia, serei o primeiro a condenar Putin.

Mas, hoje, o mais reprovável é o exagero que cerca tudo que tenha a ver com a Rússia, divulgado pela imprensa-empresa ocidental. O viés aparece em absolutamente toda e qualquer matéria apresentada como jornalística, e os argumentos apresentados a favor sempre de um lado e contra o outro já beiram a propaganda. Ainda pior é a total falta de contexto para apresentar as ações dos russos."



Soldados dos EUA derrubam estátua de Saddam Hussein em Bagdá, Iraque
Considerem a seguinte lista, de intervenções, pelos EUA, em vários países do mundo, pelos EUA, só nos últimos 50 anos.

Invasão, pelos EUA, do Panamá, para proteger interesses dos EUA no Canal do Panamá.


Invasão, patrocinada pelos EUA, de Cuba, para derrubar o governo popular revolucionário de Fidel Castro.


EUA intervêm no Vietnã (na guerra que, no Vietnã, chama-se “Guerra da América”).


EUA invadem o Iraque, violando tanto a lei internacional (ONU) quanto o desejo dos iraquianos, invasão que resultou na morte de 500 mil civis iraquianos.


EUA cometeram várias tentativas de assassinato contra governantes estrangeiros, por exemplo, Fidel Castro, nas últimas décadas.


EUA espionam aliados, chefes de Estado e praticamente todos que usem internet, inclusive você e eu.

Depois de examinar essa lista, é difícil aceitar que a ação russa na Crimeia seja crime, se comparada ao que os EUA fazemos há décadas.

Em momento algum, durante o desenrolar dos eventos acima, a imprensa-empresa questionou se nosso país mereceria sanções econômicas, ou se os EUA deveriam ter cassada a carteirinha de membro do G8; ou denunciou que os EUA estávamos nos convertendo em estado-policial-espião como a Alemanha Nazista. Pois a ação russa na Crimeia foi ‘'denunciada'’ como crime ainda pior que todos os crimes acima listados.

Nenhum patriotismo pode servir de alvará para jornalismo enviesado e mentiroso contra a Rússia. A Guerra Fria acabou há 25 anos. É hora de os norte-americanos aprenderem a avaliar objetivamente as ações dos russos, e abandonarmos o prisma estreito do etnocentrismo ocidental."


FONTE: escrito por Dmitry Orlov, no "Blog Club Orlov", sob o título original "The Crimean “Crisis” and Western Bias". Artigo traduzido pelo "pessoal da Vila Vudu" e postado por Castor Filho no seu blog "Redecastorphoto"  (http://redecastorphoto.blogspot.com.br/2014/03/a-crise-na-crimeia-e-o-vies-ocidental.html). O autor, Dmitry Orlov, engenheiro russo-americano e escritor sobre temas relacionados ao declínio econômico, ecológico e político dos Estados Unidos. Orlov acredita que o colapso será o resultado dos orçamentos militares, enormes déficits do governo e um sistema político que não responde ao declínio da produção de petróleo. Orlov nasceu em Leningrado (agora São Petersburgo) e se mudou para os Estados Unidos com 12 anos. Tem bacharelado em Engenharia de Computação e Mestrado em Linguística Aplicada. Foi testemunha ocular do colapso da União Soviética durante os ano 1980-90. Entre 2005 e 2006, escreveu uma série de artigos sobre o colapso da União Soviética publicada em Peak Oil. Em 2006, publicou o "Manifesto Orlov" on-line, “A Nova Era da Vela”. Em 2007, ele e sua esposa venderam seu apartamento em Boston e compraram um veleiro, equipado com painéis solares e seis meses de fornecimento de gás propano e capaz de armazenar grande quantidade de produtos alimentícios. Chamou “cápsula de sobrevivência”. Continua a escrever regularmente no seu blog “Clube Orlov” e no 'EnergyBulletin.Net'."

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