quinta-feira, 21 de novembro de 2013

O JÚBILO E A HIPOCRISIA DE BARBOSA E DA DIREITA


[OBS deste blog 'democracia&política':

Olhando de maior distância o recente episódio do julgamento do mensalão no STF, de modo a perceber o macrocenário onde ele acontece, vejo o conceito do título acima com maior facilidade.

O STF, tradicionalmente, sempre foi instituição da elite e da direita. O que seria essa "direita"? Em palavras simples, a direita brasileira, o “conservadorismo”, é mero representante dos grandes interesses internacionais. No âmbito político, é representada no Brasil pelo PSDB, DEM, PPS e neoauxiliares, como o PSB. Fora do Legislativo, a direita se utiliza intensamente da grande mídia, do MP, do PGR, do STF. Há muitas décadas, a “elite” (as classes média e alta, civil e militar) é dominada pela direita.

Não é surpresa que o centro de comando mundial dos interesses financeiros, econômicos e geopolíticos (e da nossa direita) esteja no exterior. É consequência natural. O Brasil representa menos de 5% do mercado mundial. Agravando isso, principalmente após a “privataria tucana”, esses “nossos” 5% são aqui predominantemente controlados por empresas e bancos estrangeiros.

Assim, nossa direita não passa de instrumento local utilizado para atender a esses grandes grupos financeiros e econômicos internacionais. As agendas do “conservadorismo” brasileiro, inclusive os julgamentos do STF (cada vez mais acintosamente dirigidos pelas empresas de mídia), são estabelecidas e perseguidas para garantir, preservar e fortalecer esse "ordenamento" mundial.

O PT e outros partidos progressistas atrapalham. Eles priorizam o social em vez de “o mercado”! Por isso, a direita, o PiG, a “elite” tentam por todos os meios destruí-los. Nessa luta, que se agravou após 2002, tentam se disfarçar com belas bandeiras (“ética”, justiça”, “honestidade”, “democracia” etc). Tudo falso. A hipocrisia é evidente. O real objetivo é a volta da direita ao poder para melhor atender ao ganancioso “mercado”.




Voltemos ao cenário micro que me levou a essas divagações. Vejamos a seguir o bom artigo de Mauro Santayana que li no “Conversa Afiada”]:

Escândalos que envolvem a Justiça de outros países [Ex: Suiça] ou que se arrastam desde a época da aprovação da reeleição [de FHC/PSDB] — sempre ao abrigo de gavetas amigas...

O portal “Conversa Afiada” reproduz artigo de Mauro Santayana, extraído do “JB Online”:

O JÚBILO E A HIPOCRISIA

O ministro Joaquim Barbosa escolheu a data de 15 de novembro, Proclamação da República, para ordenar a prisão e a transferência para Brasília, em pleno feriado, e sem carta de sentença, de parte dos réus condenados pela Ação-470.

O simples fato de saber que os “mensaleiros” — como foram batizados pela grande mídia — viajaram algemados e em silêncio; que estão presos em regime fechado, tomando banho com água gelada, e comendo de marmita, encheu de regozijo parte das redes sociais.

É notável o ensandecido júbilo, principalmente nos sites e portais frequentados por certa minoria que se intitula genericamente de “classe média”, e se abriga nas colunas de comentários da mídia mais conservadora.

Parte da população, a menos informada, é levada a comemorar a prisão do grupo detido no fim de semana como se tratasse de uma verdadeira Queda da Bastilha, com a ida de “políticos” “corruptos” para a cadeia.

Outros, menos ingênuos e mais solertes, saboreiam seu ódio e tripudiam sobre cidadãos condenados sob as sombras do “domínio do fato”, quando sabem muito bem que dezenas, centenas de corruptos de outros matizes políticos — alguns comprovadamente envolvidos com crimes cometidos anos antes desse processo — continuam soltos, sem nenhuma perspectiva de julgamento.

Esses, para enganar os incautos, já anteveem a "queda da democracia". Propõem a formação de grupos de “caça aos corruptos”, desde que esses tenham alguma ligação com o governo [do PT]. Sugerem que cidadãos se armem. Apelam para intervenções golpistas. Torcem para que os presos de ontem, que estejam doentes, morram, ou que sejam agredidos por outros presos.

Ora, não existe justiça sem isonomia. Já que não se pode exigir equilíbrio e isenção de quem vive de manipular a opinião pública, espera-se que a própria população se manifeste, para que, na pior das hipóteses, o furor condenatório e punitivo de certos juízes caia, com a sutileza de um raio lançado por Zeus, sobre a cabeça de outros pecadores.

Há casos dez, vinte vezes maiores, que precisam ser investigados e julgados. Escândalos que envolvem, inclusive, a justiça de outros países, milionários e recentes ou que se arrastam desde a época da aprovação do instituto da reeleição — sempre ao abrigo de gavetas amigas, ou sucessivas manobras e protelações, destinadas a distorcer o tempo e a razão, como se estivéssemos em órbita de um buraco negro.

Seria bom, no entanto, que tudo isso se fizesse garantindo o mais amplo direito de defesa, no exclusivo interesse da Justiça. Ou a justiça se faz de forma equânime, desinteressada, equilibrada, justa, digna e contida, ou não pode ser chamada de Justiça.”

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Em tempo: o Bessinha (autor da 1ª imagem acima) continua intrigado: de onde o Gilmar Dantas (*) foi tirar aquela ideia bizarra de “guichês no Supremo” ? – (PHA)

FONTE: artigo de Mauro Santayana, extraído do “JB Online”. Transcrito e comentado no portal “Conversa Afiada” do jornalista Paulo Henrique Amorim (PHA).  (http://www.conversaafiada.com.br/economia/2013/11/19/santayana-e-barbosa-o-jubilo-e-a-hipocrisia/). [Título e trechos entre colchetes em azul adicionados por este blog ‘democracia&política’].

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