terça-feira, 19 de novembro de 2013

A MORAL DOS DRONES: CONFORTAVELMENTE, ESMAGAR POVOS ‘INSETOS’”


Drone “Predator”, dos EUA


Luiz Felipe Alencastro mostra como se faz guerra sem declaração de guerra

O portal "Conversa Afiada" reproduz artigo do historiador Luiz Felipe Alencastro publicado no portal UOL:

“ESMAGAR INSETOS”: A MORAL DOS DRONES


"O uso sistemático dos veículos aéreos não tripulados (VANT) –também chamados drones–, como armas de espionagem e de guerra muda o quadro militar, geopolítico e jurídico dos conflitos internacionais.

No plano militar, o avanço desse tipo de armas é avassalador . Dentro de dez anos, um terço das missões da força aérea americana será executado pelos drones. Atualmente, a Força Aérea dos Estados Unidos tem 2.300 aviões, mas o Pentágono (Ministério da Defesa) dispõe de 10 mil drones equipados para fotografar, filmar e matar. Milhares de outros drones são utilizados pela CIA (sigla em inglês para "Agência Central de Inteligência") e outras forças de segurança americanas.

Além de serem mais baratos que os aviões de caça, os drones são operacionalizados mais rapidamente. Enquanto um piloto de caça leva dois anos para ser formado, um operador de drone habilita-se com um ano de treinamento. Da mesma forma, um caça só voa durante duas horas. Mas um drone de ataque, como o “Predator”, armado de mísseis, pode voar 14 horas. O “Global Hawk”, o drone de espionagem celebrizado na caça a Bin Laden, voa até 36 horas seguidas. Um especialista citado no documentário “Rise of the Drones” (2013), do norte-americano Peter Yost, pondera que o uso militar dos drones está só no início, mais ou menos no ponto em que estavam os teco-tecos no final da Primeira Guerra Mundial.

Muitos outros países possuem drones de ataque. Outros, como o Brasil, têm drones de filmagem para o controle de fronteiras e de trânsito [nas cidades]. Sem contar as duas centenas de drones privados (monitoramento de lavouras, obras de engenharia, projetos imobiliários) que, segundo o site “G1”, voam sem autorização nos céus brasileiros, visto que é proibido o voo comercial e em zonas urbanas.

Muito mais graves são os problemas jurídicos ligados ao uso militar dos drones. Oficialmente, os Estados Unidos só lançam ataques de drones no Afeganistão, onde as operações militares foram autorizadas pelo Conselho de Segurança da ONU.

Na prática, a CIA também faz reides mortais no Paquistão, no Iêmen e na Somália. Como declarou um especialista, atacar, [como nesses três países] mais de 300 vezes um país com os drones [como já é prática dos EUA] configura um ato de guerra que teria de ser autorizado pelo Congresso americano, o que não é o caso.

Paralelamente, o número crescente de vítimas civis, atingidas pelos mísseis dos drones em operações sem nenhum enquadramento legal, suscita críticas cada vez mais duras dentro e fora dos Estados Unidos. Quanto às questões éticas referentes à matéria, basta lembrar o significado subjacente ao nome que certas autoridades americanas dão aos ataques de drones na Ásia Central e na Península Arábica.

Sempre controlados e analisados de muito longe, das salas operacionais confortavelmente situadas em vários pontos dos Estados Unidos, esses ataques são chamados de “bugsplat”, em bom português, “esmagar insetos”. 



[Sala de Controle situada nos EUA de onde, confortavelmente, ”esmagam insetos”i.é., matam em outros países mulheres, crianças, suspeitos em geral de serem ou de virem a ser resistentes ("terroristas") contra invasões e interesses norte-americanos etc)]

FONTE: escrito por Luiz Felipe de Alencastro, cientista político e historiador, professor titular da Universidade de Paris-Sorbonne e professor convidado na FGV-Escola de Economia de São Paulo. É membro da Academia Europeia. Artigo transcrito no portal “Conversa Afiada”  (http://www.conversaafiada.com.br/politica/2013/11/15/esmagar-insetos-e-a-moral-dos-drones/) [Imagens do Google, suas legendas e trechos entre colchetes acrescentadas por este blog ‘democracia&política’].

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