sábado, 12 de outubro de 2013

INDÚSTRIA NAVAL - CRESCIMENTO, MAS COM GARGALOS


 Um dos expoentes dessa nova geração de armadores é a "Brasil Supply", capitaneada por José Ricardo Roriz Coelho, presidente da empresa "BR Supply" (Foto - BR Supply)


O BS Maresias, que foi lançado dia 10 de outubro, na Ilha Fiscal, no Rio de Janeiro. Construída no Guarujá (SP), a embarcação é de alta velocidade, feita de alumínio e voltada ao transporte de pessoas e pequenas cargas. (Foto - BS Supply)

"A Indústria naval brasileira vive momento de crescimento, mas ainda falta muito para decolar no competitivo mercado mundial. O setor recebe injeção de US$ 5 bilhões para se modernizar e atender ao pré-sal, mas enfrenta gargalos gerados por duas décadas de esquecimento.

Na década de 1970, a indústria naval brasileira era a segunda maior do mundo e empregava 40 mil trabalhadores. Virou o milênio [2000-FHC/PSDB] com apenas 600 metalúrgicos. E somente nos últimos cinco anos retomou o crescimento. O fermento para a expansão veio da exploração offshore de petróleo em águas profundas e distantes da costa.

No rastro do pré-sal, o "Plano de Renovação da Frota de Embarcações de Apoio Marítimo" (PROREFAM), criado pela Petrobras, totalizará US$ 5 bilhões, entre 2008 e 2014, na contratação de 146 novas embarcações de apoio. Resultado: o segmento lidera a atual recuperação da indústria naval e fechou outubro de 2012 com 186 navios brasileiros de um total de 409 atuantes nesse nicho no país – em 2005, havia respectivamente 95 e 200 navios, conforme dados da "Associação Brasileira das Empresas de Apoio Marítimo"  (ABEAM). Um dos expoentes dessa nova geração de armadores é a "Brasil Supply", capitaneada por José Ricardo Roriz Coelho, presidente da empresa.

A exploração offshore fez renascer a indústria naval brasileira?

Roriz -
Iniciativas como o PROREFAM estão funcionando como uma grande "alavanca" para o renascimento da indústria naval, tanto pelo volume de investimento na construção de navios, quanto pela oportunidade de especializar a mão de obra, fomentar a criação de clusters marítimos que consolidem a indústria de navipeças e fortalecer o investimento em pesquisa e desenvolvimento por parte das universidades e empresas brasileiras. Essas ações, reunidas, nos levarão a ser mais competitivos na indústria naval mundial, concorrendo inclusive com países asiáticos, que não eram players relevantes na década de 1970. Outro benefício é que nos capacitará a participar de operações semelhantes fora do Brasil, exportando produtos e serviços de alto valor agregado.

Quais os desafios de atuar como armador hoje no Brasil? Como está a capacidade dos estaleiros nacionais para atender a demanda?

Roriz -
Hoje, a "Brasil Supply" tem uma frota de 17 navios (parte prontos e alguns em construção) e nossa meta, para os próximos cinco anos, é aumentar a frota, principalmente com PSV's e AHTS (que são navios de grande porte e alta complexidade). Nossos navios são todos construídos em estaleiros nacionais e operam com bandeira brasileira. Assim, somos, de fato, um armador no Brasil. Mas ainda há deficiências nos processos de construção e de organização dos estaleiros, o que acarreta atrasos na entrega das embarcações. O fato positivo é que alguns deles começam a se especializar na construção de determinado tipo de embarcação, atingindo, com isso, níveis bastante razoáveis de atendimento.

A "Brasil Supply" conta com recursos dos acionistas e também do "Fundo da Marinha Mercante" (FMM), o que implica estabelecimento de índices de nacionalização nos projetos. É possível cumpri-los? 

 Roriz -
Todos os contratos do PROREFAM, como forma de fomentar a indústria nacional, exigem percentual mínimo de conteúdo local nos barcos. O não cumprimento desses índices implica multas ou alterações nas condições de financiamento. A "Brasil Supply" tem atendido aos percentuais estabelecidos de conteúdo local. Apesar disso, temos que reconhecer que a obtenção de mão de obra e insumos locais é uma tarefa bastante difícil. A construção e operação de um navio no Brasil hoje envolve altos custos.

As embarcações de apoio são consideradas de alta complexidade tecnológica e, portanto, estratégicas para o desenvolvimento da indústria e da pesquisa... 

 Roriz -
De fato. Em 10 de outubro, por exemplo, entregamos o projeto do "BS Maresias", contratado no âmbito do PROREFAM, e podemos dizer que se trata de uma embarcação de alta complexidade tecnológica, capaz de operar em qualquer campo de exploração mundial, como o Golfo do México e o Mar do Norte. Utiliza motores de alta rotação e sistema de propulsão waterjets (hidrojatos), podendo atingir velocidades de até 25 nós.

A Petrobras levará ao mercado, ainda neste ano, as últimas três etapas do PROREFAM. Significa contratar mais 67 embarcações de apoio para completar a frota de 146. A "Brasil Supply" participará do desafio? 

 Roriz -
Temos interesse e capacidade para participar, tanto com navios mais simples, como os crew boats, quanto com embarcações de alta complexidade operacional e de projeto, como os Anchor Handling Tug Supply (AHTS) e PSV 4500, que requerem tripulação altamente especializada, devido aos equipamentos sofisticados neles instalados.

Todas as embarcações contratadas da Brasil Supply até o momento são crew boat? 

 Roriz -
Não. Temos 4 crew boat tipo P2; 3 crew boat tipo P3, como o BS Maresias; 6 UT 4.000; 2 PSV 4.500 toneladas; e 2 PSV 3.000 toneladas. E, como falei, vamos participar das próximas rodadas para construir e operar PSVs e AHTS.

BS MARESIAS

Fabricados em estaleiros nacionais e com índices mínimos de 60% de nacionalização, os navios da "Brasil Supply" navegam com bandeira brasileira. É o caso do "BS Maresias", que foi lançado dia 10 de outubro, na Ilha Fiscal, no Rio de Janeiro. Construída no Guarujá (SP), a embarcação é de alta velocidade, feita de alumínio e voltada ao transporte de pessoas e pequenas cargas. É a quarta de um total de 17 que a empresa irá produzir até 2017, no âmbito do "Plano de Renovação da Frota de Embarcações de Apoio Marítimo"  (PROREFAM), criado pela Petrobrás para atender às demandas do pré-sal.

De elevada complexidade tecnológica, o "BS Maresias" utiliza motores de alta rotação e sistema de propulsão waterjets (hidrojatos), podendo atingir velocidades de até 25 nós. "É uma embarcação arrojada e eficiente, que pode ser empregada em qualquer campo mundial de exploração de petróleo, como o Golfo do México e o Mar do Norte", afirma Roriz.

A velocidade média de um navio é de 10 nós, o que permite classificar o "BS Maresias" como bastante veloz. Ele comporta 150 toneladas de carga, 60 passageiros, 40 m3 de água doce e 138 m3 de óleo diesel. Ao entrar em operação, atenderá as plataformas da petroleira em tempo integral, inclusive nos feriados e finais

A "Brasil Supply S.A.", - Constituída em 2002, é resultado da associação entre "Cotia Trading", "Petrobras Distribuidora", "Grupo Suzano" e "Grupo Gerhardt Santos", e tem como subsidiária a "BSCO Navegação", formada pela "Brasil Supply" e a mexicana COSEPE. Atua no fornecimento de soluções integradas para a indústria do petróleo e gás nas áreas de logística, gestão ambiental e produtos químicos. Opera em Angra do Reis (RJ), Macaé (RJ), Guamaré (RN), Paracuru (CE), Anchieta (ES), Vitória (ES) e Itajaí (SC) e possui plantas de fluidos para perfuração e completacão nos portos de Angra e de Anchieta."

FONTE: site "DefesaNet"
(http://www.defesanet.com.br/naval/noticia/12604/Industria-Naval---Crescimento-mas-com-gargalos/).

Nenhum comentário: