quarta-feira, 28 de agosto de 2013

REAÇÃO AOS MÉDICOS CUBANOS É “DOENTIA”


O corvo à espreita


Por Fernando Brito

“O mestre (de jornalismo e decência) Jânio de Freitas, que não faz da exposição de ideias próprias uma atividade bissexta, vai na contramão do editorial de ontem da “Folha” e publicou, terça-feira, artigo onde diz que a reação da corporação médica à vinda de profissionais estrangeiros passou a um histerismo gaiato e primário e já está em atitudes fronteiriças de crimes, ao sugerir que os brasileiros “não socorram” seus eventuais erros. Aos cubanos, especificamente, diz ele que apenas anexaram um “recheio ideológico” à postura de indiferença às necessidades da população.


O experiente médico cubano Juan Delgado, 49, vaiado, xingado e humilhado ("negro escravo") por jovens médicos brasileiros na chegada a Fortaleza

"O PERCURSO

Por Jânio de Freitas

“Dos argumentos polêmicos contra a vinda de médicos do exterior, dirigentes corporativos da classe médica brasileira passaram a um histerismo gaiato e primário e já estão em atitudes fronteiriças de crimes, com a incitação aos médicos a “não socorrerem erros” que, imaginam, os estrangeiros cometerão. Sem trocadilho: trata-se de um processo nitidamente doentio.

A vinda de médicos cubanos anexou, à reação corporativa, a sua utilização ideológica pelos comentaristas conservadores. Já se acumulam bastantes indicações, aliás, de que também as exasperações de vários dos dirigentes corporativos da classe médica não são apenas corporativas. Seu recheio é ideológico, ainda tão nostálgico da guerra fria que não consegue disfarçar-se o suficiente, assim como se dá com os comentaristas. Quanto a isso, nada de novo, portanto. Nem de importante.

Mas, em tanta e tão descomposta reação em nome da classe médica, como ficam os carentes da atenção de um médico nas lonjuras onde nem um só foi jamais visto? Esses numerosos conselhos de medicina, essas inúmeras associações de médicos, esses incontáveis dirigentes corporativos nada têm a dizer que não seja contra o preenchimento estrangeiro dos buracos de sofrimento deixados por brasileiros pelo Brasil afora?

Não têm nem uma palavra proponente, alguma preliminar de plano, uma iniciativa viável, para intercalar nas reações vociferadas à vinda de estrangeiros? Não, não têm. Nunca tiveram, desde que as urgências da saúde pública voltaram a ser um problema de consciência nacional, perdida com as primeiras décadas do século passado.

O nível tão baixo em que está a ação dos dirigentes corporativos não é justo com a classe médica. As referências, digamos, domésticas a esse episódio parecem largamente favoráveis à vinda dos estrangeiros. E, nelas, os criticados por suas reações são “os médicos”, assim generalizados.”

FONTE: texto de Jânio de Freitas na “Folha de São Paulo" postado por Fernando Brito em seu blog “Tijolaço”  (http://tijolaco.com.br/index.php/janio-de-freitas-reacao-aos-medicos-cubanos-e-doentia/). [Imagem do google acrescentada por este blog 'democracia&política']

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