quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

USAF SELECIONA O A-29 SUPER TUCANO

USAF SELECIONA O A-29 SUPER TUCANO PARA O PROGRAMA LAS

"A USAF anunciou hoje que selecionou o avião de combate A-29 Super Tucano, da Embraer Defesa e Segurança, para o programa LAS (Light Air Support), ou Apoio Aéreo Leve. A aeronave será fornecida em parceria com a Sierra Nevada Corporation (SNC) e utilizada para missões de treinamento avançado em voo, reconhecimento aéreo e apoio aéreo tático. 

São Paulo, 27 de fevereiro de 2013 – A Força Aérea dos EUA (USAF, na sigla em inglês) anunciou hoje que selecionou o avião de combate A-29 Super Tucano, da Embraer Defesa e Segurança, para o programa LAS (Light Air Support), ou Apoio Aéreo Leve. A aeronave será fornecida em parceria com a Sierra Nevada Corporation (SNC) e utilizada para missões de treinamento avançado em voo, reconhecimento aéreo e apoio aéreo tático. Após rigoroso processo licitatório, a USAF considerou que a Embraer Defesa e Segurança e a SNC apresentaram a melhor proposta para cumprir a missão LAS.

Esta escolha confirma que o A-29 Super Tucano é a aeronave mais efetiva para as operações LAS. Estamos prontos para começar a trabalhar e honrados em poder apoiar o governo dos Estados Unidos e seus parceiros com a solução de melhor custo-benefício”, disse Luiz Carlos Aguiar, Presidente e CEO da Embraer Defesa e Segurança. “Nosso compromisso é avançar com a estratégia de investimentos nos Estados Unidos e entregar o Super Tucano no prazo esperado e conforme o orçamento contratado.”

O programa Light Air Support é essencial para os objetivos dos Estados Unidos no Afeganistão e para a nossa segurança nacional. É uma grande honra servir ao nosso país fornecendo aeronaves, treinamento e suporte para este programa”, disse Taco Gilbert, Vice-Presidente de Soluções Táticas Integradas da área de Inteligência, Vigilância e Reconhecimento da SNC. “O A-29 Super Tucano é a aeronave ideal para o programa LAS, cuja missão é crítica e a necessidade é premente.

O contrato, no valor de USD 427 milhões, inclui 20 aeronaves de apoio aéreo tático, equipamentos para treinamento de pilotos no solo, peças de reposição e apoio logístico. A aeronave selecionada para o programa LAS será construída em Jacksonville, Flórida.

O Super Tucano é um potente avião turboélice, robusto e versátil, capaz de executar ampla gama de missões, que incluem ataque aéreo leve, vigilância, interceptação aérea e contrainsurgência. A aeronave está em operação em nove forças aéreas ao redor do mundo e, há mais de cinco anos, emprega armamentos inteligentes, de última geração, em missões operacionais reais. Com mais de 190 encomendas e mais de 170 unidades entregues, o Super Tucano já superou a marca de 180 mil horas de voo e 28 mil horas de combate. A aeronave está equipada com avançadas tecnologias em sistemas eletrônicos, eletro-ópticos, infravermelho e laser, assim como sistemas de rádios seguros com enlace de dados e uma inigualável capacidade de armamentos, o que a torna altamente confiável e com excelente relação custo-benefício para grande número de missões militares, mesmo em pistas não pavimentadas e ambientes hostis. Essas características, juntamente com sua experiência comprovada em combate, fazem do Super Tucano a escolha lógica para a missão LAS.

SOBRE O PROGRAMA LAS
A missão LAS exige uma solução já desenvolvida que ofereça versatilidade, capacidade e resistência operacionais necessárias em ambiente de contrainsurgência, a um custo significativamente menor do que o dos jatos de caça. A aeronave deve oferecer ferramentas de inteligência, vigilância e reconhecimento (ISR); ter capacidade para grande variedade de munições (incluindo armas guiadas de precisão); e operar em terrenos com infraestrutura precária e em condições rigorosas.

SOBRE A SIERRA NEVADA CORPORATION

A Sierra Nevada Corporation é uma das companhias privadas dos Estados Unidos que cresce mais rapidamente, com base em sua reputação em desenvolver soluções tecnológicas ágeis, inovadoras e rápidas nos segmentos de eletrônica, aeroespacial, de aviônicos, espacial, propulsão, micro-satélites, aeronaves, sistemas de comunicação e energia solar. Sob a liderança de Fatih Ozmen, CEO, e de sua Presidente Eren Ozmen, a SNC emprega mais de 2.500 pessoas em 32 localidades e 16 Estados norte-americanos. As seis áreas de negócio da SNC estão dedicadas a fornecer soluções modernas para a dinâmica base de clientes da empresa.

A SNC também é o maior prestador de serviços para o governo dos Estados Unidos. Sua proprietária é uma mulher e, nos últimos 30 anos, manteve seu foco em fornecer aos clientes o que há de melhor em tecnologia para atender às suas necessidades, obtendo expressivo e comprovado histórico de sucesso. A empresa continua apoiando o seu crescimento no setor comercial, por meio de avanços internos e aquisições, incluindo participação nos mercados emergentes de energia renovável, telemedicina, nanotecnologia, cibernética e centros de operações de redes. Para mais informações, visite www.sncorp.com.

SOBRE A EMBRAER DEFESA E SEGURANÇA
Com mais de 40 anos de experiência no fornecimento de plataformas e sistemas superiores para Forças Armadas de todo o mundo, a Embraer Defesa e Segurança tem presença crescente no mercado global e cumpre papel estratégico no sistema de defesa do Brasil. O portfólio da Embraer Defesa e Segurança inclui aviões militares, tecnologias de radar de última geração, veículos aéreos não tripulados (VANT) e sistemas avançados de informação e comunicação, como as aplicações de Comando, Controle, Comunicações, Computação e Inteligência, Vigilância e Reconhecimento (C4ISR). Os aviões e as soluções militares da Embraer estão presentes em mais de 50 forças armadas de 48 países.”


COMPLEMENTAÇÃO

AMORIM DIZ QUE VENDA DE AVIÕES SUPER TUCANO AOS EUA É VITÓRIA DA INDÚSTRIA NACIONAL

“O secretário de Defesa interino dos Estados Unidos, Ashton Carter, ligou há pouco para o ministro da Defesa, Celso Amorim, para comunicar que o consórcio brasileiro formado pela Embraer/Sierra Nevada Corporation foi o vencedor da licitação realizada pela Força Aérea norte-americana (USAF, na sigla em inglês) para aquisição de 20 aeronaves de ataque leve que serão utilizadas em apoio às forças que se encontram no Afeganistão.

O grupo brasileiro concorreu com o avião A-29 Super Tucano, no âmbito do programa LAS (Light Air Support), ou Apoio Aéreo Leve.

No telefonema, o secretário de Defesa parabenizou o governo brasileiro pelo resultado, ressaltando as qualidades do projeto desenvolvido pela indústria brasileira de defesa.

Amorim comunicou o fato à presidenta Dilma Rousseff, que expressou contentamento com mais uma demonstração da capacidade da indústria aeronáutica nacional.

O ministro da Defesa brasileiro classificou o resultado da concorrência como “uma grande vitória” para a indústria nacional. “Isso certamente vai abrir muitas novas portas para um projeto bem-sucedido, que já demonstrou ser exitoso no país e em outras partes do mundo”.”

Cid Gomes: “FHC USURPOU O REAL”


Do portal “Conversa Afiada”

PIG SE CALA PARA PROTEGER OS TUCANOS. SEMPRE

“Ao deixar o gabinete da Presidenta Dilma Rousseff, o governador do Ceara, Cid Gomes, deu uma entrevista aos jornalistas no Palácio do Planalto.

E tratou longamente da última bravata do Farol de Alexandria. Longamente.

O mínimo que disse foi que a Dilma não deve nada a FHC.

E que FHC se apropriou do Plano Real que, na verdade, é do Presidente Itamar e foi executado por seu irmão, Ciro Gomes.

Verdade incontestável, aliás.

FHC se apropriou do Real com o apoio inestimável da Rede Globo, cujo Jornalismo (?) foi sublocado pela campanha presidencial de FHC, a ponto de Rubens Ricupero confessar, no ar, na GLOBO, que escondia tudo o que pudesse prejudicar [os tucanos].

Ricupero caiu eletrocutado e Ciro o substituiu.

FHC não era mais o Ministro da Fazenda quando o Plano Real foi lançado.

Mas, o Andre Lara Rezende continuou ali por perto.

Até ser localizado pelo Luis Nassif, no livro “Cabeças de Planilha”.

Sobre as declarações do Cid e a gênese do Real, o PiG (*) fez silêncio tumular, na quarta-feira (27).

Como diz este “Conversa Afiada”, não fosse o PiG, esses tucanos de São Paulo não passavam de Resende.”

(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.”

FONTE: escrito por Paulo Henrique Amorim no seu portal “Conversa Afiada” (http://www.conversaafiada.com.br/politica/2013/02/27/cid-fhc-usurpou-o-real/).

COMPLEMENTAÇÃO:

ITAMAR MOSTRA COMO FHC SEQUESTROU O REAL

Ele não era mais nem Ministro da Fazenda quando Itamar lançou o Plano.

A propósito do post “Cid diz que FHC usurpou o Real”.

Como se sabe, o Padim Pade Cerra foi contra o Plano.

E dizia aos “jornalistas” que o tratam de “Serra” que se tratava de mero “populismo cambial”.

A sugestão é do amigo navegante Rogério Ramirez:


FONTE: portal “Conversa Afiada”   (http://www.conversaafiada.com.br/tv-afiada/2013/02/28/itamar-mostra-como-fhc-sequestrou-o-real/).

A CRISE E AS RECEITAS DO PSDB PARA O BRASIL


Por Diogo Costa

ABRAÇO DE AFOGADOS

“O mundo presencia, em tempo real, ao desdobramento da maior crise econômico-financeira desde o ‘Crash’ de 1929. As receitas, com variações e graduações mais ou menos acentuadas, caminham em direções opostas, por exemplo, n'alguns países da América do Sul e na Europa. A receita ordotoxa pró-cíclica ministra os remédios do corte de investimentos estatais, do arrocho salarial e da demissão em massa de funcionários públicos. O outro modelo propugna por mais intervenção do Estado, diretamente ou como indutor e regulador da atividade econômica.

Quais são as receitas do PSDB para o Brasil atual? O governo Dilma Rousseff vem pesando a mão (para os padrões brasileiros dos últimos 20 anos) na intervenção econômica. Interveio nas concessões de geradoras de energia elétrica, nos juros da taxa SELIC e não abre mão do reforço ao PAC. Qual é a política do PSDB para o salário mínimo, para as relações internacionais do país, para as comunicações, para o pré-sal etc? Ao que parece, Aécio Neves resolveu ressuscitar Fernando Henrique Cardoso (e toda a sua antiga equipe econômica), renegado duas vezes por José Serra (2002 e 2010) e renegado por Alckmin em 2006.

Isto representa, na prática, uma ode ao passado neoliberal que ruiu em 15 de setembro de 2008. Será que, trazendo economistas dos 'áureos' tempos de globalização neoliberal, será que resgatando as teses do “Consenso de Washington” o PSDB conseguirá conquistar os corações e mentes do povo brasileiro? Gostem ou não, a América do Sul viveu, em pouco tempo, experiências distintas, diametralmente opostas e que deixou como herança alguns símbolos políticos importantes. Os símbolos da era que ruiu são justamente os ex-presidentes Carlos Menem, Alberto Fujimori e Fernando Henrique Cardoso, para citar apenas os mais conhecidos.

Os símbolos da era pós neoliberal são os presidentes Hugo Chávez, Evo Morales, Rafael Correa e Dilma Rousseff. Por mais esforço que um analista político queira fazer nos dias atuais para negar determinados fatos, pelo menos um ele não conseguirá negar. Qual seja, o fato de que os presidentes neoliberais dos anos 90 do século passado figuram no imaginário das populações de seus respectivos países como recordações desagradáveis de um tempo de submissão canina ao FMI, ao Clube de Paris, um tempo de 'relações carnais' com os EUA, de desregulamentação financeira, de solapamento de direitos trabalhistas, de aumento das desigualdades sociais, de arrocho salarial e desemprego galopante etc.

Soa incompreensível para o mais principiante cientista político o fato de que Aécio Neves pretenda subir a rampa do Palácio do Planalto no dia primeiro de janeiro de 2015 empunhando bandeiras de triste memória. Se fossem apenas bandeiras de triste memória, tudo bem, mas a questão é que, além da triste memória, são bandeiras que levaram o mundo ao impasse atual, são teses que faliram fragorosamente. Em que pese o tempo da política e das massas não ser o tempo da economia real, não há possibilidade, no Brasil de hoje, de que alguém ganhe musculatura eleitoral negando os 10 anos de governos do PT, ou fazendo-lhe oposição frontal. Isso seria nada mais do que improducente suicídio eleitoral.

O PSDB precisa dizer ao povo brasileiro, de forma convincente, qual é o seu novo credo em matéria de economia política. Precisa dizer se permanece fiel aos dogmas moribundos do passado que ruiu ou se foi capaz de construir uma nova síntese. Até o presente momento, o partido apresenta velhas fórmulas que, se aplicadas como panacéia para os males de Pindorama, em menos de seis meses transformariam o Brasil numa Grécia ou numa Espanha. É isso que pretendem apresentar como solução para o país? Enfim, se alguém ainda tem dúvida de que Dilma Rousseff é favoritíssima para vencer a eleição de 2014, pode 'tirar o cavalinho da chuva'...

Mesmo com eventuais falhas aqui e acolá na condução da política e da economia nacionais, Dilma Rousseff está à frente de um trem que avança no rumo certo para vencer a crise. O povo brasileiro está muito amadurecido políticamente e não trocará um trem que avança (mesmo que lentamente) pelo caminho certo por um trem que pretende avançar (ao que parece rapidamente) rumo ao precipício da volta aos tempos do estado mínimo. A onda moralista, neoudenista, será capaz de suprir a falta de um projeto alternativo (não neoliberal) ao capitaneado hoje pelo PT? Não foi capaz em 2006 e nem em 2010; por que seria em 2014?

Alguma alma caridosa deveria avisar Aécio Neves de que, ao abraçar tão decididamente a figura de Fernando Henrique Cardoso, ele corre o sério risco de acabar sem oxigênio, num autêntico abraço de afogados. A questão que fica é a seguinte: o PSDB tem, atualmente, entre seus quadros capacidade e desejo de superar o seu passado de principal partido neoliberal do Brasil? Se não conseguir virar a página com nova formulação programática, pode sucumbir antes mesmo de um dia ter feito jus ao 'social democracia' que ostenta em seu nome partidário. Enquanto isso, o PT segue nadando de braçadas.”

FONTE: publicado no portal de Luis Nassif (http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/a-crise-e-as-receitas-do-psdb-para-o-brasil). [Imagem do Google adicionada por este blog ‘democracia&política’].

A INFLAÇÃO E OS MITOS DA OPOSIÇÃO


Por Cláudio Puty

 

"Já nos anos de Lula e Dilma no Palácio do Planalto, os índices inflacionários foram, em média, bem menores do que tinham sido no último período do governo FHC, no que se refere ao regime de metas da inflação.


Em sua monumental obra, “A Propaganda Política”, o escritor francês Jean-Marie Domenach afirma que a característica da propaganda moderna, inclusive a política, consiste em impressionar, em vez de convencer, e em sugerir algo ao público, em vez de informá-lo. É o que acontece com as recentes declarações de líderes da oposição sobre suposta perda de controle do governo sobre a economia, o que estaria levando o Brasil a um “apocalipse inflacionário”. Jogam com impressões, não com a realidade.

Ora, uma análise dos números mostra que as coisas não são bem assim. Se nós observarmos o tempo de vigência do “Sistema de Metas para a Inflação”, veremos que o centro da meta não foi alcan-çado em 11 dos 14 anos. No governo Fernando Henrique Cardoso, por exemplo, a meta era, em 1999, de 8%, caindo em 2000 para 6% e, depois, para 4%. Quando a meta foi de 8%, a inflação chegou a 8,94%; quando a meta foi de 6%, a inflação atingiu 5,97%. Em 2001, a meta foi estabelecida em 4% ao ano, mas a inflação começou a galopar, chegando à taxa de 7,67%. No último ano do reinado do tucanato, enquanto a meta descia para 3,5% a inflação batia em 12,53%.

Para combater essa ameaça, o PSDB lançou mão da única arma disponível – melhor seria dizer, preferível – do receituário monetarista do “Consenso de Washington”: a alta da taxa de juros para inibir o consumo. Assim, para uma inflação de mais de 12%, tivemos uma taxa SELIC cavalar, de 45% ao ano! Quando Fernando Henrique Cardoso entregou a faixa presidencial a Luiz Inácio Lula da Silva, em janeiro de 2003, a SELIC já tinha baixado, mas ainda estava em espantosos 25% ao ano.

Já nos anos de Lula e Dilma no Palácio do Planalto, os índices inflacionários foram, em média, bem menores do que tinham sido no último período do governo FHC, no que se refere ao regime de metas da inflação. Apesar da torcida contrária da oposição, os governos do PT conseguiram manter a inflação dentro das bandas de tolerância do “Sistema de Metas”, chegando a taxas de 7,60%, 5,69%, 3,14%. Em dois anos do governo Dilma, mesmo em meio à persistência da crise internacional, a taxa permaneceu em torno de 6%; no ano passado, ela foi de 5,84%.

O mais significativo é que esses números foram atingidos com a mudança da política monetária anterior. O PT não fez o combate à inflação apelando para juros altos, recessão e desemprego, como os tucanos. Ao contrário: as taxas de juros, que chegaram a níveis estratosféricos no governo FHC, baixaram pela primeira vez nos últimos dez anos e, hoje, se encontram num patamar civilizado – embora ainda alto –, de 7,25% ao ano. E o desemprego, esse flagelo social, que chegou a atingir 15% da “População Economicamente Ativa” (PEA) no final do governo FHC, hoje está em 6,7%, o menor das últimas décadas, configurando, na prática, uma situação de pleno emprego – algo que o país não vivia há muito tempo.

A visão míope do monetarismo neoliberal dos tucanos, portanto, vê no aumento dos juros a arma mais efetiva contra a inflação – já veremos por quê. Os governos do PT, ao contrário, procuram múltiplos instrumentos de combate à ameaça inflacionária: além dos eventuais ajustes na taxa SELIC, passaram a ser adotadas medidas macroprudenciais, com o controle dos canais de crédito; foram reduzidos os custos de produção, com a desoneração da folha de pagamento de diversos setores econômicos; e se aumentou a oferta de produtos agrícolas, cujos preços incidem fortemente sobre a inflação. Sobre isso, é bom lembrar que, para este ano, o IBGE está prevendo uma safra de grãos 13,1% maior do que a safra de 2012.

A grande diferença entre os governos do PT e do PSDB é o hiato que separa governos de esquerda e de direita: nós vemos o controle da inflação como um fator importante para a estabilização da economia, mas não conduzimos a política monetária com um único objetivo, o de transferir renda para os detentores de títulos públicos e para os rentistas. Nós, ao contrário, temos compromisso com o país, com a produção, a defesa da indústria, o aumento da geração de empregos e a distribuição de renda.”

FONTE: escrito por Cláudio Puty, deputado federal (PT-PA), vice-líder do governo no Congresso, é economista, com mestrado e doutorado no Japão e nos Estados Unidos. Publicado no portal do PT (http://www.pt.org.br/noticias/view/artigo_a_inflacaeo_e_os_mitos_da_oposicaeo_por_claudio_puty).

A “GASTANÇA” PÚBLICA NOS ÚLTIMOS DEZ ANOS


Por João Sicsú, em CartaCapital

“Em 2009, o PSDB soltou uma nota em que afirmava: “o Palácio do Planalto promove uma gastança…”. Em qualquer dicionário, gastança significa excesso de gastos, desperdício. A afirmação feita na nota somente tem utilidade midiática, mas não é útil para a produção de análises e discussões sérias em torno da temática das finanças públicas brasileiras.

A dívida pública deixada [pelo PSDB] para o presidente Lula era superior a 60% do PIB. O déficit público nominal era de 4,4% do PIB. Esses são os números referentes a dezembro de 2002, o último mês de Fernando Henrique Cardoso na presidência.

 De forma ideal, a administração das contas públicas deve sempre buscar a redução de dívidas e déficits. Deve-se buscar contas públicas mais sólidas. A motivação para a busca dessa solidez não está no campo da moral, da ética, da religião ou do saber popular que diz “não se deve gastar mais do que se ganha”.

A motivação está no aprendizado da Economia. Aprendemos que o orçamento é um instrumento de combate ao desaquecimento econômico, ao desemprego e à falta de infraestrutura. Contudo, o orçamento somente poderá ser utilizado para cumprir essas funções se houver capacidade de gasto. E, para tanto, é necessário solidez e robustez orçamentárias.

A ideia é simples: folgas orçamentárias devem ser alcançadas para que possam ser utilizadas quando a economia estiver prestes a provocar problemas sociais, tais como o desemprego e a redução de bem-estar. Portanto, a solidez das contas públicas não é um fim em si mesma, mas sim um meio para a manutenção do crescimento econômico, do pleno emprego e do bem-estar.

A contabilidade fiscal feita pela equipe econômica do governo do presidente Lula mostrou como essas ideias podem ser postas em prática. Houve melhora substancial das contas públicas que resultaram da boa administração durante o processo de aceleração das taxas de crescimento. O presidente Lula entregou à presidenta Dilma uma dívida que representava 39,2% do PIB. Ao final de 2012, a dívida foi reduzida ainda mais: 35,1% do PIB. O presidente Lula entregou para a sucessora um orçamento com déficit de 2,5% do PIB. Ao final de 2012, este número foi mantido.

Foi essa administração fiscal exitosa que deu ao presidente Lula autoridade política e solidez orçamentária para enfrentar a crise de 2009, evitando que tivéssemos profunda recessão e elevação drástica do desemprego. No ano de 2009, a relação dívida/PIB aumentou para 42,1% e o déficit público nominal foi elevado de 2% para 3,3% do PIB. Em compensação, naquele ano de crise, foram criados mais de 1,7 milhão de empregos formais e o desemprego subiu apenas de 7,9%, em 2008, para 8,1%, em 2009.

 Em paralelo à consolidação fiscal, os governos dos presidentes Lula e Dilma promoveram ampliação dos gastos na área social. A área social engloba: educação, previdência, seguro desemprego, saúde, assistência social etc. O investimento social per capita cresceu 32% em termos reais entre 1995 e 2002. De 2003 a 2010, cresceu mais que 70%. Cabe ser destacado que, mesmo diante da fase mais aguda da crise financeira internacional de 2008-9, os investimentos sociais não foram contidos – a partir de 2009, houve, inclusive, injeção adicional de recursos nessa área.

Os números não são refutáveis. São estatísticas oficiais organizadas por milhares de técnicos competentes. O Estado brasileiro está consolidado em termos de responsabilidade com a geração de estatísticas. No Brasil, não há maquiagem ou ocultação de dados. Portanto, temos elementos para fazer análises consistentes das finanças públicas que dispensam a utilização de termos midiáticos jogados ao ar: gastança! Nos últimos dez anos, não houve gastança, houve organização fiscal. Houve, também, aumento significativo de gastos na área social. Essa é a radiografia precisa dos números.”

FONTE: escrito por João Sicsú, professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Foi diretor de Políticas e Estudos Macroeconômicos do IPEA entre 2007 e 2011. Artigo publicado na revista “Carta Capital”e transcrito no portal “Viomundo” (http://www.viomundo.com.br/politica/joao-sicsu-a-gastanca-publica-nos-ultimos-dez-anos.html). [Imagem do Google adicionada por este blog ‘democracia&política’].

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

OBRIGADO POR NADA, FHC...


Por Eduardo Guimarães

“O primeiro dia útil da semana começou com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso no ataque, no âmbito da antecipação da campanha eleitoral à Presidência que só ocorrerá no fim do ano que vem, portanto daqui a quase dois anos, e que está sendo abraçada pelos dois partidos que, mais uma vez, devem protagonizar a disputa: PT e PSDB.

FHC, talvez o político mais cara-de-pau de todos os tempos – mais até do que Paulo Maluf – teve a coragem de dizer que a presidente Dilma Rousseff “cuspiu no prato que comeu”, ou seja, que os êxitos de seu governo e do de seu antecessor Lula se devem ao governo tucano (1995-2002).

O ex-presidente peessedebista tem lá seus motivos para apostar nesse discurso de que legou uma herança bendita que Lula e Dilma tentaram “usurpar”, como também teve coragem de afirmar junto à afirmação sobre “ingratidão”. Afinal, desde que deixou o poder conta com veículos de comunicação que tentam empurrar essa versão aos brasileiros, porém sem o menor êxito, do que são provas as três eleições presidenciais sucessivas que o PSDB perdeu desde que deixou o poder.

FHC aposta na proverbial falta de memória dos brasileiros. Assim sendo, vale revisitar um pouco a história recente do país para verificarmos em que situação ele estava ao fim do governo tucano, em 2002.

E como a imprensa que, segundo o colunista da “Folha de São Paulo” Janio de Freitas “Serviu de suporte político ao governo FHC”, diz que a situação falimentar do Brasil no último ano do governo dele se deveu ao “risco Lula”, investiguemos se foi isso mesmo.

No dia 4 de janeiro de 1999, pouco antes de uma das maiores hecatombes econômicas que o Brasil viveu, matéria da insuspeita “Folha de São Paulo” trazia no título a síntese do que fora o ano eleitoral de 1998, quando o então candidato à reeleição, Fernando Henrique Cardoso, venceu o pleito garantindo que, se não fosse reeleito, Lula é quem desvalorizaria o real.

O título da matéria assinada pelo igualmente insuspeito colunista da “Folha” Fernando Rodrigues era o seguinte: “Credibilidade do Brasil no exterior despenca em 1998”. O trecho abaixo traduz o estelionato eleitoral de que o Brasil fora alvo poucos meses antes, quando reelegeu FHC sem fazer a menor ideia de que tudo que ele prometera era mentira e de que o país estava quebrado.
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FOLHA DE SÃO PAULO
4 de janeiro de 1999

CREDIBILIDADE DO BRASIL NO EXTERIOR DESPENCA EM 98

FERNANDO RODRIGUES, da Sucursal de Brasília  

“(…) Há duas razões básicas para que os títulos do governo brasileiro tenham perdido tanto valor em 98. A primeira razão, e mais óbvia, é que as crises da Ásia e da Rússia deixaram os especuladores internacionais com medo de perder dinheiro também no Brasil. Por isso, passaram a vender os papéis brasileiros. Isso provocou a queda dos preços. Ao vender os papéis, os especuladores deixam implícito que acreditam cada vez menos na capacidade do Brasil de honrar seus compromissos (…)”
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As crises da Ásia e da Rússia foram crises de países que tinham problemas localizados em suas economias. Não era uma crise mundial da gravidade da que há hoje, que afeta o mundo inteiro e, sobretudo, os países ricos, que, àquela época, não tinham crise nenhuma, ao lado de países com economias organizadas como o Chile, que, entre tantos outros “emergentes”, não fora afetado.

Na verdade, o naufrágio da credibilidade do Brasil ao longo do ano em que FHC se reelegeu graças à mudança que promoveu nas regras do jogo com ele em andamento, obtendo do Congresso o direito de se recandidatar ao cargo sob denúncias de compra de votos de parlamentares que votaram a emenda constitucional que instituiu a reeleição, deveu-se ao fato de que, naquele 1998, o então presidente da República “segurou” a desvalorização do real, que se fazia desesperadamente necessária, a fim de não atrapalhar suas pretensões políticas.

O mundo inteiro sabia que a paridade de um para um que vigera desde 1994 entre o real e o dólar era uma farsa e que, a qualquer momento, FHC teria que fazer aquilo que, meses antes, dissera que Lula faria caso vencesse a eleição: ele teria que promover uma maxidesvalorização de nossa moeda que jogaria o país no fundo do poço.

Enquanto o desastre caminhava, o suporte político de que falou Janio de Freitas que a mídia deu a FHC continuava vendendo ilusões a um público que, a partir dali, começaria a se dar conta de que não deveria acreditar no que ela dizia. No mesmo dia da matéria acima, na mesma “Folha”, outro texto dizia que a evasão de divisas no dia anterior fora de “apenas” 153 milhões de dólares e acenava com um cenário róseo que, pouco depois, mostrar-se-ia uma falácia.

Abaixo, trecho de matéria que pode ser conferida na íntegra aqui.
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FOLHA DE SÃO PAULO
5 de janeiro de 1999

“MERCADO FINANCEIRO

“EVASÃO DE DIVISAS É DE US$ 153 MILHÕES

Da Reportagem Local

O Brasil teve nova evasão de divisas ontem, mas de volume pouco preocupante, segundo especialistas. Até as 19h30, o fluxo cambial estava negativo em US$ 97 milhões pelo mercado de dólar comercial e financeiro e em mais US$ 56 milhões pelo flutuante, um segmento do turismo.
(…)
Segundo especialista, depois da forte evasão de dólares em dezembro [de 1998], de US$ 5,25 bilhões, o fluxo negativo em janeiro deve ser menor.
(…)
No ano passado, o fluxo cambial foi negativo em US$ 14,89 bilhões. As reservas cambiais, o caixa em moeda forte do país, iniciam o ano em US$ 35 bilhões, segundo estima o mercado. O Banco Central fala em US$ 38 bilhões.

Com o fraco saldo cambial negativo ontem, o dólar perdeu força contra o real. Nos mercados futuros, as projeções de desvalorização cambial para janeiro (contratos com vencimento em fevereiro) caíram de 1,28% na quarta-feira passada para 1,17% ontem.

Para Nicolas Balafas, do BNP Asset Management, o governo não vai precisar desvalorizar o real contra o dólar mais do que os 7,5% ou 8% previstos em 99.
(…)
“Ninguém espera uma saída de dólares muito forte neste mês. O mercado está otimista, apostando que o Congresso vai votar a favor da CPMF e do aumento da contribuição dos funcionários públicos federais à Previdência”, diz o especialista Manuel Maceira.”
(…)
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Note, leitor, que, enquanto hoje você vê na “Folha” e no resto da imprensa oposicionista todo dia desgraças anunciadas que jamais se concretizam, àquela época, com o país afundando – como se veria em poucos dias – o tom era de otimismo.

Três dias depois, em 8 de janeiro de 1999, outra matéria – sempre da “Folha”, fonte escolhida para evitar questionamentos de tucanos quanto à “imparcialidade” das notícias –, outra matéria dá bem a dimensão da situação catastrófica com que FHC chegara ao segundo mandato.

O então governador de Minas Gerais, Itamar Franco, acabara de decretar moratória de seu Estado no âmbito de uma taxa básica de juros (SELIC) que batia nos 30% (!!). Veja, abaixo, trechos do texto.
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FOLHA DE SÃO PAULO
8 de janeiro de 1999

MERCADO FINANCEIRO

FUTUROS PROJETAM TAXAS DE JUROS MAIORES

Da Reportagem Local

A moratória anunciada pelo governador de Minas Gerais, Itamar Franco, fez com que os mercados futuros na Bolsa Mercantil & de Futuros passassem a projetar juros e desvalorização cambial maiores para os próximos meses.
(…)
No ano passado, o medo de que o Brasil não honrasse seus compromissos, como fez a Rússia em agosto, provocou uma evasão de divisas de US$ 15 bilhões. Foi para conter a sangria de dólares que o governo subiu os juros do over, o mercado por um dia com títulos públicos, de 19% para 40% ao ano. Os juros do over estão em torno de 29% ao ano hoje.

Com a crise de credibilidade ganhando força agora, os juros vão cair com mais dificuldade. Por isso, na BM&F, os contratos para vencimento em abril passaram a projetar taxas de juros de 30,25% para março, contra os 28,59% de anteontem. A desvalorização cambial projetada para março passou de 1,26% para 1,48%.”
(…)
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A situação do Brasil – causada exclusivamente pelo adiamento da desvalorização do real adotado por FHC para não atrapalhar sua reeleição – piorava a cada dia, a ponto de a esfrangalhada economia brasileira estar, então, “contaminando” outros países. Abaixo, matéria que mostra isso.
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FOLHA DE SÃO PAULO
13 de janeiro de 1999

“SITUAÇÃO SE REFLETE NA ARGENTINA

De Buenos Aires

A alta instabilidade na economia brasileira, acentuada há uma semana pela moratória do Estado de Minas Gerais, está se refletindo diretamente nos mercados argentinos, cujos temores se concentram em três pontos: desvalorização do real, renúncia da equipe econômica e fracasso do ajuste fiscal acordado com o FMI.

A Bolsa local, acompanhando o índice Bovespa, caiu 3,67% na segunda-feira e ontem teve nova queda de 3,48. As quedas dessa semana foram impulsionadas quando se soube que as reservas brasileiras chegariam a U$ 31 bilhões no final de janeiro, segundo informe divulgado pelo Citibank.

Os mais apressados já inventaram até um nome para o possível colapso do Brasil: ‘efeito carnaval’”
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No mesmo dia, outra matéria já deixava ver que as tentativas da mídia de suavizar as notícias já não era mais possível. O clima de pânico se acentuava. O Brasil estava quebrando, com fuga de dólares e sucessivos aumentos dos juro.
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FOLHA DE SÃO PAULO
13 de janeiro de 1999

MERCADO TENSO

Fuga de recursos para o exterior neste mês já chega a US$ 2 bi; nervosismo traz de volta o risco cambial

Saída de dólares e juro futuro se elevam.

CRISTIANE PERINI LUCCHESI, da Reportagem Local

A sangria de dólares cresceu ontem e trouxe mais intranquilidade ao mercado financeiro. Até as 19h30, o fluxo estava negativo em aproximadamente US$ 1 bilhão. O mercado fecha às 21h30.

A Bolsa de Valores de São Paulo voltou a despencar, chegando a um passo do “circuit breaker”, mecanismo que interrompe os negócios toda vez que a queda atinge 10%. Fechou em baixa de 7,61%.

Os mercados futuros passaram a projetar juros e desvalorização cambial bem mais fortes no curto prazo. Para março, os juros anuais projetados pularam de 32,43% ao ano anteontem para 39,75% ao ano ontem. Hoje, os juros de referência para toda a economia estão em torno de 29% ao ano.”
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Taxa de juros básica da economia chegando a 40%. Imaginem o que seria de Lula ou de Dilma se o país estivesse hoje em situação igual. Hoje, com juros em um dígito, centenas e centenas de bilhões de dólares de reserva e quase sem desemprego, a mídia trata da economia como se estivéssemos quebrando.

No mesmo dia 13 de janeiro de 1999 em que eram publicadas as matérias acima, o governo FHC tentou uma desvalorização controlada do real de 8,26%, que, como se sabe, o mercado rejeitaria, levando o Brasil a uma crise econômica sem precedentes, causada, exclusivamente, pela postergação de uma desvalorização da moeda que, se fosse feita em 1998 não teria custado tão caro ao país.

A “feitiçaria” econômica do governo, porém, já não enganava mais ninguém. O economista Rudiger Dornbusch, 54, professor do mitológico MIT (Massachusetts Institute of Technology), dos EUA, disse que a nova política cambial do Brasil, com uma tal “banda diagonal endógena, era “um blefe”, e que FHC era “ineficiente”.

Abaixo, trecho da matéria da “Folha” contendo as críticas de Dornbusch, publicadas em um momento em que, apenas temporariamente, FHC começava a ser abandonado pela mídia. E isso algumas míseras semanas após o estelionato eleitoral que o reelegeu.
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FOLHA DE SÃO PAULO
14 de janeiro de 1999

PARA O PROFESSOR, MUDANÇA SÓ VAI DESAFOGAR A PRESSÃO SOBRE AS RESERVAS

NOVA POLÍTICA CAMBIAL É UM “BLEFE”, AFIRMA DORNBUSCH

ANTONIO CARLOS SEIDL, da Reportagem Local

O economista Rudiger Dornbusch, 54, professor do mitológico MIT (Massachusetts Institute of Technology), dos EUA, disse que a nova política cambial do Brasil é “um blefe”.

“Serve apenas para desafogar um pouco a pressão sobre as reservas brasileiras”, afirmou em entrevista, por telefone, à Folha.

Para Dornbusch, o fim da fuga de dólares do país depende do ajuste fiscal. “Um profundo ajuste fiscal, com um corte drástico de gastos, é a condição para a volta da confiança dos investidores.”

“O Brasil tem um presidente ineficiente, que só sabe gastar e tomar emprestado.”
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Enquanto isso, o grupo G7, que congregava os sete países mais ricos do mundo, falava em “derretimento” do Brasil, conforme noticiava a Folha. Textualmente, a nota do grupo dizia: “É o longamente esperado derretimento do Brasil? Parece [que sim].

Chega a ser inacreditável que o presidente que produziu a notícia a seguir arrogue para si o soerguimento quase incrível do país que, em verdade, foi o ex-presidente Lula que logrou operar após reparar o desastre que o antecessor deixou. Matéria da “Folha” ainda de 14 de janeiro de 1999 anuncia: o “Mundo vive pânico com Brasil”.
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FOLHA DE SÃO PAULO
14 de janeiro de 1999

“BOLSAS

Ações caíram na Europa e na América após queda do real, puxadas por empresas que mantêm investimentos no país

MUNDO VIVE PÂNICO COM BRASIL

De Buenos Aires

As principais Bolsas do mundo tiveram ontem um dia de fortes baixas geradas pela desvalorização do câmbio no Brasil.

O índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, terminou o dia com uma queda de 125,12 pontos, ou 1,32%, depois de chegar a cair 260 pontos em meia hora. A baixa abrupta foi decorrente da mudança cambial brasileira.

A Bolsa abriu o pregão às 9h locais (12h de Brasília), quando já havia sido mudado o comando do Banco Central e anunciada a desvalorização do real. Imediatamente, o índice Dow Jones recuou 260 pontos.

O índice eletrônico Nasdaq despencou 114,56 pontos.
Com a preocupação diante da situação brasileira e com medo de que a desvalorização atingisse outros mercados, os acionistas saíram vendendo papéis, num mecanismo conhecido como “efeito dominó”.
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Em tal situação de calamidade que o país vivia, a situação do mercado de trabalho, que, do terceiro ano do primeiro governo FHC para frente já vinha sendo ruim, com queda dos salários e aumento do desemprego, atingia proporções catastróficas. A matéria da mesma Folha, com trecho logo abaixo, resume o sofrimento que a irresponsabilidade tucana trouxe ao país.
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FOLHA DE SÃO PAULO
15 de janeiro de 1999

ECONOMIA

“Metalúrgica de Matão suspende a partir de hoje um dia de trabalho para gastar 16% menos em pagamentos

Bambozzi reduz carga horária e salários

Da Folha Ribeirão

A metalúrgica Bambozzi, de Matão, vai parar a produção às sextas-feiras a partir de hoje e diminuiu o salário dos funcionários para reduzir gastos e enfrentar a crise.

A proposta de diminuição de carga horária e salários foi aprovada na terça-feira em assembléia com os trabalhadores.

A empresa tem 430 funcionários e espera economizar cerca de 16% do total da folha de pagamentos, que não foi divulgado.
(…)

Ribeirão

A metalúrgica Penha, de Ribeirão Preto, está trabalhando com redução de carga horária e salários desde setembro do ano passado.

Os 168 funcionários deixaram de trabalhar às sextas-feiras e a empresa passou a economizar cerca de 10% da folha de pagamento.

O Sindicato dos Metalúrgicos de Ribeirão Preto e Região não aprova a redução de salário.”
(…)

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Lembre-se, leitor: o presidente que produziu isso é aquele que está se dizendo o verdadeiro responsável por tudo de bom que aconteceu ao longo do governo Lula, que encontrou o país nessa situação, que recebeu essa herança maldita.

E o “Efeito Brasil” continuava afetando o mundo. O sujeito que acusa Dilma de ser “mal-agradecida” ao governo “maravilhoso” que diz que fez é o mesmo que arrastou o mundo para os problemas que sua administração gerou por ter adiado uma medida (desvalorização do real) com vistas a conseguir mais um mandato.

A notícia da “Folha” também é de 15 de janeiro, pois o noticiário econômico, quando FHC governava, ocupava incontáveis páginas dos jornais todos os dias, só noticiando desgraças. Nessa matéria, com trecho reproduzido abaixo, o jornal relata que o “Efeito Brasil” continuava gerando pânico nos mercados.
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FOLHA DE SÃO PAULO
15 de janeiro de 1999

MERCADOS

Pregão passa o dia com tendência de queda e, para agravar a situação, senadores começam a julgar Clinton
‘EFEITO BRASIL’ FAZ BOLSA DE NY CAIR 2,45%

De Nova York

O “efeito Brasil” fez a Bolsa de Nova York fechar o dia ontem em forte queda. O índice Dow Jones (que reúne as 30 ações mais negociadas) recuou 2,45%, fechando a 9.120,93 pontos.

A queda representa 226,63 pontos e anula todos os ganhos conquistados na Bolsa de Nova York neste ano.

O índice Dow Jones esteve em tendência de queda durante todo o dia de ontem.

O grande vilão foi o Brasil. Os investidores reagiram ao rebaixamento da dívida brasileira promovida pela agência de crédito Standart & Poor’s e à possibilidade de a crise atingir outros países latino-americanos.

O Brasil representa 45% do PIB (Produto Interno Bruto) da América Latina.

Durante o dia, Wall Street foi assolado por boatos vindos do Brasil. Eles diziam que o governo iria liberar o câmbio e que o real sofreria uma nova desvalorização.

Os investidores estavam preocupados também com a depreciação de papéis de companhias que mantêm negócios no Brasil. As multinacionais devem apresentar queda no faturamento, por causa da retração no mercado.
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O desastre na economia não parava de crescer. Uma das consequências da irresponsabilidade tucana foi o crescimento da dívida externa. Em 16 de janeiro de 1999, a “Folha” dá conta de que o endividamento do país, que peregrinava pelos países ricos com o pires na mão, cresceram R$ 35,8 bilhões EM UMA SEMANA. Abaixo, trecho da matéria.
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FOLHA DE SÃO PAULO
16 de janeiro de 1999

DESVALORIZAÇÃO

Dívida externa aumentou R$ 35,8 bi em uma semana e será problema para empresas, diz pesquisa da Sobeet

Real fraco reduz patrimônio

VANESSA ADACHI, da Reportagem Local

As empresas brasileiras terão grande trabalho para lidar com uma dívida externa que cresceu nada menos que R$ 35,8 bilhões em uma semana.

A desvalorização cambial acumulada na semana fez com que a dívida de US$ 140 bilhões do setor privado brasileiro saltasse, em reais, de R$ 169,4 bilhões para R$ 205,2 bilhões.”
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A desorganização da economia que marcou a era FHC do seu terceiro ano até o último, como é óbvio, não deixaria o país impune. Todos, de ricos a pobres, comeram o pão que o diabo amassou, razão pela qual, desde que o país conduziu o PT ao poder, nunca mais os tucanos tiveram chance real em eleições para presidente.

Notícia como a que segue abaixo dá conta de redução nas vendas de varejo de 30% no âmbito da crise brasileira, ainda estão frescas na memória de uma parcela imensa e majoritária dos brasileiros. Só quem tem menos de vinte anos não sabe o que se passou neste país quando ele cometeu o desatino de colocar o PSDB e o DEM no poder.
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FOLHA DE SÃO PAULO
16 de janeiro de 1999

LOJAS TÊM QUEDA DE ATÉ 30% NAS VENDAS

FÁTIMA FERNANDES, da Reportagem Local

A confusão gerada no mercado brasileiro com a mudança da política cambial resultou ontem na paralisação dos negócios entre indústria e comércio e numa queda de 20% a 30% nas vendas de algumas grandes redes.
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Agora, a cereja do bolo. Atualmente, uma das colunistas da grande mídia tucana mais críticas do país que temos é Eliane Cantanhêde. Enquanto escrevo, dadas as críticas acerbas que faz hoje a um governo que é aprovado pela imensa maioria por estar gerando emprego, renda e bem-estar social em nada lembram à condescendência que tinha por um governo que gerou o caos que você acaba de ler.

Compare, abaixo, o discurso dessa mulher hoje em relação ao governo, quando o país está indo de vento em popa, com o que adotou também para o governo quando o país estava arrasado. O tom dela é o que dominava a mídia. Não havia críticas ao governo e muito menos ao presidente da República. Muito menos os xingamentos feitos a Lula.
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FOLHA DE SÃO PAULO
17 de janeiro de 1999

O BODE

ELIANE CANTANHÊDE

Brasília – A semana passada foi uma roleta-russa, e a que começa hoje é tão incerta quanto uma mesa de pôquer.

O câmbio rachou o governo, atraiu a ira de empresários, expulsou quadros como Pérsio Arida, alijou outros como José Serra. E o que estamos descobrindo? Que desvalorizar o real não está sendo um monstro tão monstruoso. Até agora, pelo menos.

Há um ano, as reservas estavam tão altas quanto a credibilidade do governo. Os governadores acabavam de renegociar suas dívidas. Os empresários ainda não estavam demitindo. Os partidos aliados já andavam se assanhando, mas mantinham certa compostura. A situação internacional tremelicava, mas se mantinha.

Com o tempo, deterioraram-se essas condições favoráveis, até se acenderem os sinais vermelhos. A evidente, inevitável, inexorável desvalorização acabou saindo no tapa, no último minuto. E insuficiente. Tanto que dois dias depois veio o câmbio livre.

Pois, vejam só, apesar de tudo isso o Brasil sobreviveu. A taxa ditada pelo mercado na sexta-feira (R$ 1,47) é bastante razoável. As Bolsas tiveram um pique espetacular, e com entrada de capital externo. A sangria de dólares caiu de quase US$ 1,8 bilhão na quinta para US$ 340 milhões na sexta. Já se fala até em liberar o câmbio de vez.

E mais: um novo aumento de juros foi descartado, e alguns setores, abatidos pela perversa competição dos importados, recuperam o ânimo. Há até alguma perspectiva de empregos.

Bem, estamos então no paraíso? A léguas e léguas disso. Há incertezas, dúvidas e um pânico renitente e justificável. O Brasil sacode mais do que avião em nuvem negra. E a famosa estabilidade continua instável.

Mas o secretário dos Direitos Humanos, José Gregori (que não é economista), resumiu: “Tiraram o bode da sala”. O bode era o câmbio, um erro que cresceu como elefante e se arrastou como tartaruga.

Agora é correr contra o tempo e corrigir outros muitos erros. Até porque o Brasil não aguenta mais. Nem nós.”
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Quanto otimismo, não? Você acredita que essa criatura escreveu uma COMEMORAÇÃO?!! Que diferença para o pessimismo de hoje, quando qualquer boato ruim sobre a economia vira certeza e gera condenação do governo via acusações de incompetência etc. Não é à toa que o colunista da mesma “Folha” Janio de Freitas disse que a mídia foi “suporte político” de FHC.

Está claro o desastre que foi o governo do sujeito que está clamando para si a volta por cima que o Brasil daria na era Lula? Inflação e desemprego ascenderam nos anos seguintes à crise de 1998/1999. A renda caiu. A credibilidade do país era tão baixa que até a alternância no poder, em 2002, fez a economia derreter de novo.

A falta de investimentos que a má gestão de FHC gerou fez com que, no penúltimo e no último ano daquele governo desastroso, eclodisse um racionamento de energia elétrica que fez o país retroceder anos.

Contudo, o que de pior o governo FHC produziu foi o desemprego. Não foi à toa que José Serra, em sua candidatura a presidente em 2002, fez aquela propaganda eleitoral com uma multidão de homens vestidos com macacões de operários brandindo carteiras de trabalho. O desemprego estava em dois dígitos e subindo.

Para quem tiver dúvida de quanto o governo Lula e, depois, o governo Dilma melhoraram a vida dos brasileiros – que FHC piorou como poucos presidentes –, que veja, abaixo, o que ocorreu com o desemprego estratosférico herdado do ex-presidente tucano pelo ex-presidente petista."

FONTE: escrito por Eduardo Guimarães em seu blog “Cidadania” (http://www.blogdacidadania.com.br/2013/02/obrigado-por-nada-fhc/).