domingo, 11 de novembro de 2012

Wikileaks: TORTURA NOS EUA FUNCIONOU

Bradley Manning

APÓS 14 MESES TORTURAS, SOLDADO DOS EUA CONFESSA QUALQUER COISA, INCLUSIVE SER FONTE DO WIKILEAK



Bradley Manning após a tortura democrática

Bradley Manning é denunciado por crimes capitais e pode ser condenado a prisão perpétua

“AS DENÚNCIAS CONTRA O RÉU SÃO VAGAS E A PROMOTORIA NÃO APRESENTOU PROVAS SUFICIENTES”

Do portal UOL/Folha

“O soldado norte-americano Bradley Manning, acusado pela justiça militar dos Estados Unidos de ter vazado documentos confidenciais de Estado ao “Wikileaks”, assumiu, pela primeira vez, a responsabilidade de algumas infrações menos graves entre as diversas acusações atribuídas a ele. A decisão foi anunciada por seu advogado, David Coombs, que participou de uma audiência preliminar ao julgamento na noite de quarta-feira (07/11).

Em comunicado postado em seu site, o advogado explica que o militar não está se declarando culpado pelos crimes imputados pela justiça norte-americana. “Manning está aceitando a responsabilidade por delitos que estão pressupostos nas acusações”, escreveu ele. As acusações mais graves, como espionagem para o inimigo, por exemplo, continuam sendo negadas.

A medida jurídica conhecida tecnicamente como “alegação por exceção ou substituição” na legislação norte-americana não tenta estabelecer acordo ou negociação com os promotores baseada na declaração de culpa, como no caso da delação premiada. Por essa via legal, o soldado pede, apenas, para a corte reconhecer o seu apelo, e não concordar com ele.

Caso o tribunal permita ao réu declarar sua responsabilidade limitada, os promotores ainda poderão acusá-lo pelos outros 22 delitos previstos, incluindo o crime capital de colaborar com o inimigo, o que pode lhe render a prisão perpétua sem direito a liberdade condicional em uma prisão militar.

O que isso significa para o julgamento, se o pedido for aceito, é que corta a evidência física e as testemunhas que o governo pode precisar chamar para fazer um caso [na Justiça]”, afirmou jornalista do site “Firedoglake” que acompanhou a sessão.

A audiência preliminar determina se o processo deve continuar em corte marcial. Nesse caso, o tribunal decidiu pelo prosseguimento, e o julgamento de Manning foi marcado para o dia 4 de fevereiro e deve durar, pelo menos, seis semanas. De acordo com preferência da equipe de defesa, a corte será conduzida por um único juiz, que decidirá se o réu é culpado e a sua punição, ao invés de um júri militar.

PERSEGUIÇÃO POLÍTICA

Coombs nunca havia negado o envolvimento de seu cliente com o Wikileaks. Sua argumentação se concentra em destacar as inconsistências do governo norte-americano no caso e em expor a falta de assistência que Manning foi submetido enquanto servia como analista de inteligência em base iraquiana.

Em junho deste ano, a juíza responsável pelo caso, a coronel Denise Lind, negou uma moção da defesa para descartar as acusações contra Manning. Os advogados argumentavam que as denúncias contra o réu são vagas e que a promotoria não apresentou provas suficientes. Na mesma decisão, Lind ordenou aos promotores disponibilizarem documentos de acusação para a equipe de defesa.

O processo contra o soldado norte-americano gerou muitas controvérsias. Especialistas indicam a falta de transparência e de provas contra o soldado, enquanto alguns acusam o governo de perseguição política.

Manning, preso em maio de 2010, é acusado de ter vazado centenas de documentos de embaixadas norte-americanas, como também dos militares envolvidos na guerra do Iraque e do Afeganistão. O soldado pode estar por trás, inclusive, da divulgação de vídeos populares na internet que mostram tropas norte-americanas disparando [e assassinando, leviana e irresponsavelmente] contra civis nesses países (veja vídeo abaixo).

TORTURA E ABUSOS

Depois de 14 meses de investigação, o relator especial das Nações Unidas (ONU) sobre tortura, Juan Mendez, disse em março deste ano que o soldado está recebendo tratamento cruel e desumano na prisão. “O período prolongado de ‘isolamento’ pelo qual Manning foi supostamente submetido por sete meses pode ter sido imposto em um esforço [com "métodos físicos convincentes"] para coagi-lo a ‘cooperar’ com as autoridades, com o objetivo de ‘convencê-lo’ a apontar outros envolvidos”, escreveu Mendez em carta para o governo dos EUA em dezembro de 2010.

"Dedurar crimes de guerra não é crime", diz cartaz nos Estados Unidos pedindo pela libertação de Bradley Manning

Julian Assange, o fundador do Wikileaks, também se uniu aos ativistas que pedem pelo fim da perseguição política ao site. Longe dos discursos de diplomatas e chefes de estado, o jornalista se pronunciou via videoconferência para um grupo de representantes na Assembleia Geral da ONU em setembro deste ano.

O tempo das palavras acabou”, disse ele, ironizando o discurso do presidente norte-americano, Barack Obama, na Assembleia. “Chegou a hora de os EUA terminarem com a perseguição ao Wikileaks, a nossa gente e às nossas fontes. Chegou a hora de os EUA se juntarem às forças da mudança, não em belas palavras, mas em boas ações”, acrescentou.

JULIAN ASSANGE

Assange, que também enfrenta acusações na justiça norte-americana, lembrou o caso de Manning e denunciou os abusos pelo qual o oficial está passando.

O fundador do “Wikileaks” é procurado pela Justiça da Suécia para responder por um suposto crime sexual. Ele ainda não foi acusado ou indiciado [não havendo provas]. No Reino Unido, ele travou uma longa batalha jurídica contra sua extradição para o país escandinavo, que se recusava a interrogá-lo em solo britânico. No entanto, a Suprema Corte do Reino Unido decidiu que ele deveria ser extraditado. Há mais de três meses, o jornalista buscou asilo na Embaixada do Equador em Londres, em uma jogada classificada como “tenaz” pela imprensa local.

Assange teme que, após ser preso na Suécia, os Estados Unidos peçam sua extradição, onde poderá ser julgado [e condenado sem provas por Justiça Militar] por crimes como espionagem e roubo de arquivos secretos.

Veja um dos vídeos [de assassinatos coletivos, no processo de "levar valores democráticos para o Iraque"] que Manning é acusado de vazar:



FONTE: publicado pelo “Operamundi” e transcrito no portal UOL/Folha  (http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/25326/soldado+norte-americano+assume+ter+vazado+documentos+ao+wikileaks.shtml). [Subtítulo, imagem e trechos entre colchetes adicionados por este blog ‘democracia&política’].

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