segunda-feira, 11 de junho de 2012

A BATALHA DA SÍRIA E A MÍDIA


“Já li os dois jornalões da burguesia. Acordo cedo e já caí matando na leitura e análise. Faço isso há 37 anos, desde jovem em 1975 quando virei comunista. Nos vinte anos que ministrei aulas na Universidade, em alguns semestres lecionava Sociologia da Comunicação para alunos de jornalismo e PP. Assim, as leituras são de conteúdo, a quem serve a notícia, forças que estão por trás das mesmas, quem ganha e quem perde com essa ou aquela notícia.

Por Lejeune Mirhan (sociólogo, escritor, arabista)

Pois bem. Ambos os jornais noticiam mais um "massacre" na Síria. E, em formação unida, a mídia aponta para o "sanguinário presidente genocida" (sic) Dr. Bashar Al Assad, jovem médico oftalmologista formado na Inglaterra.

A única fonte deles, sabemos qual é. Um tal de “Observatório Sírio de DH”, com sede em Londres que não tem uma só pessoa trabalhando na Síria. Seu presidente integra o obscuro “Conselho Nacional Sírio”, da oposição e tem financiamento de suas atividades pela Arábia Saudita e Qatar.

O jornalista que fez a matéria, algum correspondente da Reuters [agência estadunidense dee notícias], em determinado momento do seu texto confessa que "nenhuma informação que vem sendo divulgada tem possibilidade de ser confirmada a sua veracidade pela situação que o país vive". Foi honesto, pelo menos talvez com a sua consciência de cidadão querendo informar de forma equilibrada as coisas.

Bom, mas qual foi a manchete do “Estadão” na parte internacional? "Forças de Assad massacram ao menos 78 em Hama". Como o editor que fez essa manchete tem certeza que foi o presidente Assad que mandou matar pessoas, se nem o repórter na Síria tem essa certeza?

Nunca tive dúvidas. A mídia tem dono, a imprensa é uma mercadoria e vende produtos de acordo com os interesses dos que a financiam, em especial as classes que dominam política e ideologicamente as sociedades capitalistas decadentes. Como imaginar que essa imprensa poderia ser equilibrada? (neutra impossível). Jamais seria. Suas manchetes têm militância, têm engajamento. Devem cumprir papel de propaganda, mas nunca de informação. Desinformar é seu grande objetivo. Alienar, manipular, fazer cabeças, como se diz. Mas jamais informar.

Lamento tudo isso. Para nosso consolo, parte expressiva e revolucionária de nossa esquerda não se deixa enganar, nem se abate com isso. Patriotas sírios, sírios históricos e seus descendentes no Brasil também não se dobram. Sabem que tais massacres vêm sendo cometidos por mercenários e terroristas pagos em altíssimos valores, pela Arábia Saudita e pelo Qatar com apoio norte-americano e israelense, para derrubar o único - veja bem, estou dizendo único e último, já que todos os outros foram removidos - governo que ainda resiste à ação imperialista no Oriente Médio, apoia a causa dos palestinos e é antissionista.

Por isso, nunca titubeamos. Estamos com o povo e com o governo da Síria.”

FONTE: escrito por Lejeune Mirhan, sociólogo, escritor, arabista e colaborador do “Portal Vermelho”  (http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=185392&id_secao=6).

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