sábado, 1 de janeiro de 2011

GRÃ-BRETANHA ELEVA STATUS DA REPRESENTAÇÃO PALESTINA


“Israel vê com preocupação os apoios internacionais que seus vizinhos vão acumulando antes de alcançar um acordo de paz. Equador acaba de reconhecer o Estado palestino soberano após decisão semelhante do Brasil e Argentina.

Agora, é a Grã Bretanha que corre o risco de receber protestos por parte de Israel depois de elevar o status da representação diplomática palestina em Londres, em resposta ao progresso feito por sua liderança na Cisjordânia, nas preparações para a construção de um Estado. Embora a ação seja mais simbólica do que prática, ela ocorre no momento em que Israel vê com preocupação os esforços palestinos para alcançar o reconhecimento internacional antes das negociações ou acordo de paz. No dia 27, a Autoridade Palestina recusou proposta de acordo provisório com Israel que deixava de lado temas conflitivos como Jerusalém e os refugiados.

Estes movimentos ganharam impulso quando os EUA decidiram, no início de dezembro, abandonar “os esforços” [sic] para convencer o primeiro ministro Benjamin Netanyahu a renovar a moratória de construção de assentamentos [israelenses em território palestino] em troca de retomar as negociações diretas com os palestinos. O presidente palestino Mahmud Abbas insistiu que não voltaria às conversações sem um congelamento dos assentamentos.

Na semana passada, Equador foi o último de uma série de países latino-americanos, entre eles Brasil e Argentina, a conferir reconhecimento a um Estado palestino com as fronteiras que existiam antes da Guerra dos Seis Dias, de 1967. Israel considera que esses passos – que em si têm pouco significado prático – estimulem a liderança palestina a pensar que podem conseguir um Estado sem negociações diretas

[Essas negociações diretas Israel x Palestina em “processo de paz” são difíceis, pois, de um lado, estão os impotentes palestinos, armados praticamente com pedras, ‘busca-pés’ e atiradeiras (tratados como “terroristas”) e, do outro lado, está o potente invasor Israel, apropriador das terras e fontes de água palestinas, fortemente armado com aviões, mísseis, carros de combate de última geração, inclusive com grande arsenal de bombas atômicas. Além disso, anualmente, as forças armadas israelenses recebem gratuita, ostensiva e oficialmente dos EUA cerca de três bilhões de dólares para novas aquisições militares. A Palestina não tem qualquer direito de possuir armamentos. Por trás de tudo, está o fato de o lobby judeu ser fortíssimo sobre os governos dos EUA e das grandes potências europeias].

O governo britânico não tem a intenção de seguir o exemplo latino-americano. Sua elevação do nível da presença palestina foi feita após medidas semelhantes por parte de França, Espanha e Portugal. Em julho, os EUA elevaram o status da representação palestina em Washington, embora apenas ao nível de “delegação geral”, que faz tempo prevalece na maioria dos países europeus, inclusive a Grã Bretanha.

Embora Israel não tenha protestado formalmente por essas decisões, reagiu agudamente em relação à recente decisão da Noruega de elevar o nível do representante palestino em Oslo, no início deste mês. O encarregado de negócios norueguês foi chamado à chancelaria para uma “conversa”, apesar de deixar claro que a decisão não constituía um reconhecimento do Estado palestino.

A medida não teria nenhum impacto prático no trabalho do dia a dia do representante palestino em Londres, atualmente o professor Manuel Hassassian. Mas provavelmente permitiria à delegação denominar-se “missão” e conferiria um direito automático aos futuros representantes de visitar o chanceler quando chegassem a Londres. Mas enquanto o aumento de nível francês previsto para o representante palestino – oficialmente a Organização de Libertação da Palestina – dará o direito de apresentar suas credenciais ao presidente, a decisão britânica não poderia outorgar um direito equivalente, conferido aos embaixadores dos Estados atuais, de apresentar suas credenciais à rainha.

Como a francesa, a decisão britânica significa principalmente um reconhecimento de que o gabinete palestino fez progressos consideráveis no serviço público e na reformada segurança como parte de um plano de dois anos de preparação para um Estado palestino e não para o recente impasse nas negociações.

Quando o chanceler francês, Bernard Kouchner, anunciou o aumento de nível, em julho, assinalou que os palestinos haviam “reorganizado sua administração, tornado transparentes suas finanças públicas e conseguido resultados inquestionáveis a respeito da segurança e do respeito à lei”. Dizendo que a França havia apoiado a criação das “instituições de um futuro Estado”, disse que este era “o momento apropriado” para elevar de nível a delegação geral palestina.

O momento para qualquer decisão britânica foi complicado pela tensão na atmosfera diplomática depois da paralisação das conversações. O diário israelense Haaretz informou, na semana passada, que o chanceler Rafael Barak, enviou um telegrama para suas embaixadas alertando-as sobre o esforço diplomático dos palestinos, impulsionado pela falta de progresso no processo de paz, buscando uma resolução da ONU condenando os assentamentos, obtendo o reconhecimento internacional de um Estado palestino baseado nas fronteiras de 1967, e buscando aumentos de nível nas representações diplomáticas na Europa e em outros lugares.”

FONTE:  publicado no inglês “The Independent” e transcrito no portal “Vermelho” (http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=144590&id_secao=9) [imagem e trechos entre colchetes adicionados por este blog].

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