sábado, 27 de novembro de 2010

QUEM DIRIA! O PAÍS MODELO DOS NEOLIBERAIS


A ESTATIZAÇÃO DOS BANCOS IRLANDESES

MAIORES BANCOS DA IRLANDA SERÃO ESTATIZADOS


Participações do Estado nas cinco maiores instituições financeiras do país, que busca socorro do FMI e UE, vão variar de 51% a 100%.

PARIS E GENEBRA - Em troca do socorro governamental, todos os cinco maiores bancos da Irlanda serão total ou parcialmente nacionalizados, com participações que vão de 51% a 100%.

A estimativa vem sendo feita por analistas econômicos da agência Fitch e por autoridades do país. Já socorridos com € 46 bilhões no auge da crise, em 2008, o sistema financeiro da Irlanda deverá receber uma nova injeção de recursos, prevista em cerca de € 12 bilhões, em análises otimistas.

Todo o oligopólio do sistema financeiro irlandês está incluído. Já detentor de 100% das ações do Anglo Irish Bank desde 2009 – quando a instituição foi nacionalizada em troca de um empréstimo de € 30 bilhões, equivalente a 20% do PIB do país -, o governo de Brian Cowen também deve superar os 90% de ações no Allied Irish Bank (AIB), do qual hoje detém 18% dos títulos. Além dos dois, o Estado também deve assumir o controle do Bank of Ireland, elevando sua participação acionária dos atuais 34% para mais de 50%.

AIB e Bank of Ireland perderam 80% de seus valores de mercado nas bolsas de valores desde a eclosão da falência do Lehman Brothers, em setembro de 2008. As três instituições dividem o mercado de 4,4 milhões de clientes do país. Dois outros bancos de financiamento imobiliário, o EBS e o Irish Nationwide (INBS) também já são controlados pelo poder público, que detém 51% das ações das duas empresas.

A nacionalização, entretanto, vai custar caro à Irlanda. Só o AIB pode receber até € 7 bilhões dos € 85 bilhões em recursos prometidos pela União Europeia e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). E nem a injeção de recursos é capaz de garantir a perenidade da instituição. Desde janeiro, o banco já perdeu € 13 bilhões em depósitos de seus clientes.Levantamento da agência de risco Moody's avalia a necessidade de recapitalização dos bancos irlandeses entre € 8 bilhões e € 12 bilhões

TESTES DE ESTRESSE

A situação dos bancos irlandeses ainda coloca em questão a credibilidade dos controles estabelecidos pela Europa diante da crise. A Comissão Europeia anunciou ontem que irá realizar novos testes de estresse dos bancos do continente no começo de 2011. Mas, diante das novas ameaças aos bancos irlandeses, irá rever sua metodologia. Pelas novas exigências que a UE adotará, nenhum banco irlandês passaria no teste.

O exercício havia sido conduzido na Europa em julho para avaliar a capacidade de 91 bancos de resistir a novas crises e, acima de tudo, para dar segurança ao mercado.

O resultado do primeiro teste de estresse foi considerado na época como "excelente" pelas autoridades da UE. Mas já havia sido questionado pelo mercado, que alegava que as exigências do teste não eram severas o suficiente. Na Espanha, estavam cinco dos sete bancos europeus que foram reprovados. Os outros dois eram da Alemanha e Grécia. Nenhum banco irlandês foi reprovado, o que agora levanta suspeitas da credibilidade do teste.

Quinta-feira, a UE anunciou que novos testes ocorrerão a partir de fevereiro de 2011 e que, partir de então, serão anuais. A porta-voz do comissário europeu de Mercado Doméstico, Chantal Hughes, admitiu que a UE trabalha para "aperfeiçoar" seus métodos. "Estamos aprendendo e todos estamos de acordo que devemos tirar lições dos testes que realizamos neste ano", afirmou. Ela confirmou que a metodologia para 2011 será modificada. Pela agenda da UE, o teste será realizado por "vários meses" com cada um dos 91 bancos selecionados.”

FONTE: reportagem de Andrei Netto e Jamil Chade publicada no “O Estado de S. Paulo” e transcrita no blog do jornalista Luis Nassif (http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/a-estatizacao-dos-bancos-irlandeses#more).[título e imagem colocados por este blog].

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