sexta-feira, 28 de maio de 2010

BAN KI-MOON: BRASIL E ONU, JUNTOS PARA O DESENVOLVIMENTO



É o espírito de solidariedade do Brasil que vem ajudando o país a se tornar um dos novos e ativos atores do cenário internacional


Estou muito feliz por voltar ao Brasil, nesta segunda viagem que faço ao país como secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas). Quando estive aqui em 2007, pude aprender sobre biocombustíveis, conhecer Brasília, visitar a Amazônia e conversar com vários brasileiros sobre o futuro.

Hoje, volto para participar do 3º Fórum da Aliança para as Civilizações, que discutirá o tema "Unindo as Culturas, Construindo a Paz". A enorme riqueza cultural, rica diversidade étnica, tolerância religiosa e mistura de raças fazem do Brasil o lugar ideal para esse encontro.

Tenho certeza de que o Rio de Janeiro fornecerá o cenário perfeito para a realização do trabalho proposto, abordando um dos mais complexos desafios atuais: melhorar as relações entre as culturas, combater preconceitos e construir uma paz duradoura para todos.

O Brasil tem sido um ativo parceiro da ONU desde sua fundação, em 1945, e vem estreitando, a cada ano, os laços com a organização.

Prova disso é a ativa participação do país na Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah), que comanda desde 2004. Os cerca de 2.000 homens que zelam pela segurança dos cidadãos haitianos merecem nosso agradecimento.

É esse espírito de solidariedade do Brasil, presente em seu povo, que vem ajudando o país a se tornar um dos novos e ativos atores do cenário mundial. Hoje, o Brasil se destaca não somente pelo seu compromisso em atingir os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) mas também pelo empenho em ajudar outras nações a fazê-lo.

O país tem envolvimento ativo em projetos de cooperação com nações africanas.

O sucesso do "Diálogo Brasil-África", que reuniu em Brasília 47 ministros da Agricultura africanos, com participação da ONU, é resultado dessa cooperação Sul-Sul.

Em algumas áreas, o Brasil definiu para si compromissos mais ambiciosos do que os previstos pela ONU. Comprometeu-se, por exemplo, a reduzir em três quartos a extrema pobreza, enquanto a meta definida mundialmente é de reduzi-la pela metade.

Essas metas mais avançadas são tão ambiciosas quanto realistas para um país onde governo, setor privado e sociedade civil trabalham juntos, em um contexto de diálogo cívico e democrático.

Foi com grande satisfação que recebi os dados do último Relatório Nacional de Acompanhamento dos ODM, que mostram que o Brasil será dos poucos países a atingir plenamente os oito objetivos definidos pela comunidade internacional.

O reconhecimento da diversidade e das disparidades regionais, de gênero e etnorraciais reflete o compromisso de alcançar todos os habitantes do país. Parte da redução das desigualdades é consequência direta dos programas sociais e de políticas públicas universais lançadas pelo governo.

O Bolsa Família, maior programa de transferência de renda do mundo, responsável por esse sucesso, tem sido reconhecido internacionalmente. Acredito que o maior desafio do país nos próximos anos será transformar os ODM em realidade efetiva para todos os brasileiros.

Enfrentar esse desafio exige um esforço concertado entre o governo e a sociedade civil e a consolidação, como objetivos de Estado, da agenda civilizatória e de direitos humanos contida nos ODM. O Brasil dispõe de capacidades, recursos e poder de inovação para fazê-lo. Estamos trabalhando para apoiar todos os atores que se dedicam a essa difícil tarefa. Do êxito desse esforço dependem os mais vulneráveis e as gerações futuras.

Assim como a ONU conta com o Brasil como importante parceiro internacional, o Brasil e os brasileiros podem contar com a ONU.

FONTE: escrito por BAN KI-MOON, mestre em administração pública pela Universidade Harvard (EUA); é o secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas). Foi ministro das Relações Exteriores e do Comércio da República da Coreia. Publicado na Folha de São Paulo.


B

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