terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

FRANÇA LANÇA PLANO PARA AUMENTAR O ORGULHO FRANCÊS

"França lança plano a fim de "fortalecer" a identidade nacional

Ações incluem "carnê do jovem cidadão" e educação cívica; objetivo é cultivar orgulho francês, diz premiê

O governo da França anunciou ontem uma série de medidas para o "fortalecimento" da identidade nacional. Revelado pelo premiê francês, François Fillon, o plano visa colocar em prática propostas surgidas durante os três meses do polêmico debate sobre o tema aberto pelo Ministério da Imigração.

Entre as medidas já divulgadas estão a criação de um "carnê do jovem cidadão" -sobre o qual não foram anunciados detalhes-, o reforço da educação cívica, a presença da bandeira nacional nas escolas e seu hasteamento no 14 de julho -o dia nacional francês- e o estabelecimento de um "contrato de integração" de estrangeiros que pleitearem cidadania francesa.

Segundo Fillon, "o primeiro objetivo é fazer com que se conheçam melhor os valores da República"; o segundo, disse, "é cultivar o orgulho de ser francês" e o respeito a símbolos nacionais; e o terceiro "é reforçar a integração dos estrangeiros".

Ladeado pelos demais ministros que participaram da reunião sobre o assunto antes do anúncio, Fillon anunciou ainda a criação de uma comissão de especialistas para estudar novas medidas no futuro. Segundo o premiê, o presidente Nicolas Sarkozy fará "discurso-chave" sobre identidade em abril.

"A questão da identidade nacional está destinada a ser debatida no longo prazo de maneira calma, natural e apartidária porque não há nada pior do que o silêncio. Essa questão não é mais tabu", completou.

A iniciativa lançada pelo governo Sarkozy, porém, enfrenta duras críticas tanto de opositores como de grupos de direitos humanos pelo potencial de provocar a "divisão" nacional e incentivar sentimentos anti-islã -área já sensível devido ao debate em curso sobre proibição da burca (véu que cobre o rosto) usado por uma minoria.

Grupos islâmicos identificam nas medidas uma ofensiva contra os cerca de 5 milhões de muçulmanos que vivem na França. Muitos deles, vindos do norte da África, mantêm fortes laços com os países de origem.

Opositores dizem que Sarkozy tenta se apropriar da bandeira da identidade, cara a setores mais conservadores, a fim de desviar a atenção de temas mais sensíveis, como a economia, que têm abalado a popularidade do presidente, além de atrair o eleitorado de direita no pleito legislativo de março.

Fillon, no entanto, defende a necessidade de os maiores partidos promoverem o debate sob pena de permitirem o seu uso por siglas de extrema direita."

FONTE: publicado na Folha de São Paulo de hoje (09/02).

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