sábado, 23 de janeiro de 2010

MAL-ESTAR? ONDE?

"O Itamaraty tem se esforçado, nos últimos dias, para rechaçar qualquer suspeita de que a grande presença dos Estados Unidos no Haiti após o terremoto do dia 12 abalou as relações entre os dois governos. O próprio chanceler Celso Amorim declarou que as afirmações de que o Brasil está disputando a liderança com Washington na ajuda ao país devastado são “suposições absolutamente mesquinhas”. Para a diplomacia brasileira, os dois telefonemas trocados entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Barack Obama e as três conversas de Amorim com a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, nas últimas duas semanas, não são sinais de problema, mas sim de uma relação afinada, que permite esse tipo de troca.

O governo brasileiro, no entanto, admite que é preciso diferenciar o trabalho de ajuda humanitária desempenhado não só pelos Estados Unidos, mas por diversos outros países, da manutenção da segurança no Haiti — que deriva de um mandato da ONU, e cuja liderança ainda cabe ao Brasil.

Trocando em miúdos: os militares americanos que estão no país caribenho não têm nem a missão, nem estão autorizados a pegar em armas para zelar pela segurança. Nesse campo, quem manda ainda é o Brasil e, acima dele, a ONU. Daí a declarada tranquilidade com o posicionamento americano, que já despertou críticas de França, Bolívia e Venezuela, e até do próprio ministro da Defesa, Nelson Jobim."

FONTE: texto de Isabel Fleck publicado no Correio Braziliense de hoje (23/01).

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