domingo, 24 de maio de 2009

AS PRIVATIZAÇÕES DO GOVERNO FHC E SUAS VISÕES DA PETROBRÁS

Li hoje no blog “de um sem mídia” o seguinte artigo de Elton Leão, da Associação dos Engenheiros da Petrobras-AEPET, publicado no Correio da Cidadania:

“Sou empregado da Petrobrás há 19 anos e venho através deste espaço comentar a minha visão do que foi o idealismo do PSDB para com a Petrobrás no período de FHC.

De início, como todos sabem, o PSDB implantou no País um vasto programa de privatizações, colocando prioridades em setores de pouca relevância e posteriormente avançando sobre os braços fortes das empresas brasileiras.

Bancos estaduais, ferrovias, siderúrgicas, telecomunicações, energias, entre outras. Banco do Brasil, CEF (Caixa Econômica Federal), Petrobrás e Previdência Social eram as próximas instituições a serem negociadas. Graças à entrada do presidente Lula neste meio, e dos partidos de oposição, o processo foi interrompido.

Mais especificamente com a Petrobrás, o processo foi iniciado. Porém, o PSDB pensava em como poderia privatizar a Empresa sem que a população criasse resistência ao processo. Como fazer, então, com uma Empresa símbolo nacional desde a década de 1950?

Tarefa difícil, porém, nada impossível para o grupo de FHC. Em 1997, Joel Rennó, que era o presidente da Petrobrás na época, aquele francês naturalizado brasileiro, contratou uma consultoria internacional para orientar a empresa sobre como privatizar sem que a população percebesse a manobra. Aliás, tentou até mudar o nome da Petrobrás para Petrobrax, para que os gringos pudessem pronunciar melhor o nome da empresa.

Esta consultoria orientou o seguinte: 1) transformar a empresa numa holding; 2) não privatizar a empresa no todo, mas dividi-la em unidades independentes, a que chamaram de `Unidades de Negócios-UN`, as quais, aí sim, poderiam ser privatizadas; ou seja, não seria a `Petrobrás` que estaria sendo privatizada, mas a Unidade A, B ou C. Foi o artifício que a consultoria sugeriu.

O processo foi iniciado, e a Fronape (Frota Nacional de Petroleiros) foi uma das primeiras a serem preparadas. Mas, neste caso, o processo não chegou a ser concluído. Hoje ela existe com um CNPJ paralelo, com a denominação de Transpetro. A refinaria de Porto Alegre, Alberto Pasqualini (REFAP), foi negociada com a Repsol argentina/espanhola, e assim as demais seriam pulverizadas.

Se se observar o organograma da empresa, é possível verificar que o que antes eram `superintendências` hoje são `Unidades de Negócios` (passíveis de vendas). Temos UN-Reduc (RJ), UN-Replan (SP), UN-Regap (MG), UN-Revap (SP), UN-AM (AM), UN-RNCE(RN), UN-BA(BA), UN-BC (Bacia de Campos-RJ), UN-Rio (Macaé) e a mais recente UN-BS (Bacia de Santos), onde se encontram as reservas do pré-sal.

Para que as privatizações das UN fossem efetivadas, o `excesso` de contingente teria que ser minimizado, e com isto a empresa terceirizou o máximo que pôde a força de trabalho. Reduziu-a de 60 mil empregados em 1990 para 32 mil em 2000. A mão-de-obra terceirizada era despreparada e, junto com a falta de repasses de recursos para manutenção preventiva, observaram-se os maiores acidentes da história recente da Petrobrás: o derrame de óleo da baía da Guanabara, o derrame de óleo em Paranaguá e o mais crítico, pelas perdas humanas, o afundamento da P-36.

Portanto, esta é a minha visão do que o PSDB e afins pensam da Petrobrás e do mercado de petróleo brasileiro. Espero ter contribuído.”

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