terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

O ROUBO NA PETROBRÁS – A HILARIANTE MENSAGEM DA MÍDIA

Este blog já tratou do roubo na PETROBRÁS em postagem de 15 de fevereiro. Foi o gravíssimo roubo de um segredo de Estado.
Naquele artigo, demonstramos as razões das nossas fortes suspeitas de que governo de grande potência, principalmente dos EUA, possa estar envolvido no roubo de dados sigilosos e valiosos da PETROBRÁS. Trata-se de furto de informações sobre as novas e gigantescas reservas de petróleo por ela descobertas.

Hoje, o “Jornal do Brasil” aponta para a mesma suspeição.
Transcrevo a matéria do jornal:

“Bechara Jalkh: os EUA são culpados
O detetive Bechara Jalkh, um dos maiores especialistas em investigação empresarial do país, acha que americanos têm envolvimento no furto de equipamentos de informática com informações estratégicas da Petrobrás.
Com mais de 54 anos de experiência, Bechara Jalkh ressalta que os ladrões levaram o que era mais valioso, o que afasta qualquer possibilidade de classificar o ato como um crime comum. Na avaliação do detetive, os Estados Unidos lideram a lista de suspeitos por precisarem de petróleo e terem recursos e tecnologia para investir no setor.
Bechara lembrou ainda que, há algum tempo, os EUA já haviam exercido pressão pela redução do preço do barril de petróleo no mercado.
A espionagem é comum no ramo petrolífero. Segundo Bechara Jalkh, o Brasil é muito mais atraente nessa área hoje do que há uma década. Porém, ele avalia que o trabalho de inteligência no país não é eficiente há muito tempo.
- Muitos escândalos de empresas estatais não vêm a público - revela o detetive. - Existem muitas falhas que só quem trabalha com segurança toma conhecimento
No caso da Petrobras, o especialista em investigação lembra que muitos funcionários da empresa Halliburton - que já foi comandada pelo vice-presidente dos EUA, Dick Cheney - têm acesso a informações confidenciais da estatal.
- Será muito difícil descobrir o responsável, se realmente ficar comprovado que foi alguém de fora do país - explica Bechara Jalkh. - A Petrobras tem obrigação de colocar vigias em todos os setores.
O governo federal investe bastante dinheiro para receber informações diárias das estatais pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
- Gasta-se uma fortuna com o serviço e o presidente Lula não sabe de nada - acredita. - Com certeza alguém sabia de casos passados, como o escândalo do irmão do Lula, dos Correios e do Roberto Jefferson.
O material estava em um contêiner da empresa Halliburton, que saiu dia 18 de janeiro do porto de Santos.”

O mais interessante, e que é o principal assunto desta postagem, não é a confirmação pela imprensa daquelas nossas suspeitas. O hilariante é ver o magnífico espetáculo circense de contorcionismo feito pelo Jornal do Brasil.

Ao dar aquela conclusão do detetive Bechara Jalkh, o jornal enfiou a martelo na matéria dois parágrafos destoantes do texto para inculpar o Presidente Lula!!! Completamente fora da linha do artigo, aparecem inseridas, de repente, as seguintes mensagens críticas ao nosso presidente:
“O governo federal investe bastante dinheiro para receber informações diárias das estatais pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Gasta-se uma fortuna com o serviço e o presidente Lula não sabe de nada - acredita. Com certeza, alguém sabia de casos passados, como o escândalo do irmão do Lula, dos Correios e do Roberto Jefferson.”

É muito cômico esse malabarismo circense típico dos jornais e TVs. Sempre apontam o Presidente Lula como o culpado, mesmo que para isso tenham que proporcionar complexos shows de tergiversação.

Faz-me lembrar um caso análogo, também tragicômico. Foi o acidente envolvendo um avião Embraer Legacy, já comprado por norte-americanos e pilotado por norte-americanos, e um Boeing da Gol. Morreram 155 pessoas. Até então fora a maior tragédia da aviação comercial brasileira.

Para recordar o cenário nacional na época daquele acontecimento, reproduzo trecho da reportagem “A República Enviesada” da revista Carta Capital nº 425 de 27/12/2006, sobre o surto de abusos da grande mídia (entre parênteses meus):

“No dia 15 de setembro (2006) tinham sido presas duas pessoas ligadas ao PT com 1,7 milhão de reais, que (supostamente) seria usado para comprar um dossiê contra José Serra, candidato do PSDB ao governo de São Paulo. Nas duas semanas seguintes até a véspera do primeiro turno das eleições, apenas os três maiores diários do País publicaram 600 matérias a respeito do assunto, 90% delas voltadas para a investigação dos apontados como (possíveis) culpados do crime. E no dia 29 de setembro, antevéspera da eleição, as fotos do dinheiro (que teria sido o) apreendido com os dois emissários petistas foram o principal assunto desses três grandes diários e do Jornal Nacional.”

No mesmo dia da publicação espalhafatosa das tais fotos de dinheiro, acontecera o trágico acidente aeronáutico com o avião da GOL, o maior até então da história do Brasil. Contudo, os três jornais citados pela Carta Capital, a “Folha de São Paulo”, “O Estado de São Paulo” e “O Globo”, todos os três, dedicaram três quartos (cerca de 75%) da primeira página não ao acidente, mas às fotos do (suposto) dinheiro do dossiê repassadas à imprensa pelo polêmico delegado Edmilson Bruno num gesto controvertido, num ato completamente fora das atribuições daquele policial.

Os citados jornais e o "Jornal Nacional" dedicaram somente um espremido espaço, deixado pelas fotos de dinheiro, para a notícia do acidente ocorrido naquele dia: “Avião da GOL se choca no ar e desaparece com 155 pessoas”...

A revista Carta Capital, na mesma referida reportagem, pergunta: “Mas a propósito de que crime?”
“Comprar dossiê de informações não é crime. Ter dinheiro em espécie em carteira, sacola ou mala não é crime também. E não se pode prender as pessoas primeiro e depois sair atrás do crime que elas possam ter cometido, como se fez no caso, imaginando que o dinheiro a ser usado na compra do tal dossiê possa ter origem suspeita.”

E o enorme acidente aeronáutico? As fotos e as conjecturas sobre o dinheiro o deixaram para o segundo plano.

Mas aquele acidente somente não foi notícia até que, com outro magnífico espetáculo de circo, de contorcionismo, a mídia repentinamente voltou-se para a tese da culpa de Lula. A “Folha de São Paulo” chegou a publicar com destaque matéria (assinada por um psiquiatra) que incriminou o Presidente Lula como sendo o assassino daquelas 155 pessoas!

A imprensa brasileira, na tentativa desesperada de atingir o Presidente Lula, suavizou completamente a culpa dos verdadeiros causadores do acidente.
Fazendo uma analogia simples para explicar o choque dos aviões, os pilotos norte-americanos agiram como se, em uma auto-estrada, com duas pistas, entrassem na contramão em alta velocidade e com os faróis apagados, atingindo de frente o veículo da GOL.

No avião Legacy, os norte-americanos usaram, sem autorização, uma altitude destinada para vôos em sentido contrário, desligaram inexplicavelmente o “transponder”, aparelho que permite aos órgãos controladores de terra saberem a altitude do avião e a sua posição geográfica, e desligaram o TCAS (por ser este acoplado ao transponder), aparelho que avisa à tripulação situações de iminente choque com outras aeronaves e automaticamente comanda manobras evasivas.

É lógico que sempre é possível, em todo acidente automobilístico ou aéreo, encontrar outros fatores contribuintes e melhorar a segurança. Como na analogia da estrada, poder-se-ia fazer muros divisórios para impedir motoristas irresponsáveis de passarem para a contramão; as fábricas de veículos poderiam colocar sensores impedindo o desligamento pelos motoristas dos faróis à noite etc.

Durante muitos meses seguintes, mesmo passadas as eleições do segundo turno, para a imprensa a culpa daquele acidente e de outro posterior com avião da TAM, foi de Lula. E assim nasceu para toda a mídia o gigantesco “caos aéreo” no Brasil.

Mais uma vez, ao ver esse espetáculo hilariante da mídia, eu rio para não chorar.

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